Simone Kafruni
postado em 11/12/2014 08:44
Diante das denúncias de corrupção e dos processos na Justiça, a Petrobras já perdeu um terço do valor de mercado este ano. Ontem, as ações preferenciais (PN) caíram mais 4,67%, e as ordinárias (ON), 4,17%, abalando a Bolsa de Valores de São Paulo (BM), que fechou em queda de 1,29%. O pregão registrou 49.555 pontos, menor patamar desde 26 de março, quando chegou a 47.966 pontos. Os investidores estão fugindo dos papéis da petroleira, com medo de que as indenizações cobradas nos tribunais sejam altas demais e pressionem o combalido caixa da estatal.Ontem, a Força Sindical informou que ingressará na próxima semana com ação coletiva contra a Petrobras, exigindo ressarcimento de perdas geradas a pelo menos 300 mil trabalhadores que investiram recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) na compra de ações da estatal. Miguel Torres, presidente da Força, afirmou que técnicos da central vão calcular as perdas aos acionistas decorrentes da corrupção na petroleira, que excedem ao risco próprio do mercado de capitais, seguindo o argumento dos investidores norte-americanos.
Para piorar, a Petrobras planeja captar R$ 45 bilhões no mercado em 2015 para levar adiante o seu ambicioso plano de investimentos no pré-sal. A intenção era levantar 70% do valor no primeiro trimestre, período em que, normalmente, se faz um esforço para vender títulos de dívida a investidores estrangeiros. As atuais condições tornarão a tarefa difícil e cara. Até agora, pelo menos seis grupos de investidores protocolaram ações civis públicas contra a estatal nos Estados Unidos. Dois escritórios de advocacia, um norte-americano e outro brasileiro, representam acionistas que compraram papéis da Petrobras na Bolsa de Nova York, os chamados ADRs, de maio de 2010 a novembro de 2014. Ambos sugerem que qualquer investidor, pessoa física ou empresa, que tenha comprado o título se junte ao processo, o que pode levar a indenizações bilionárias. O prazo para a adesão é 6 de fevereiro próximo.
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Com a imagem bastante arranhada e correndo o risco de pagar bilhões aos investidores lesados pela falta de informações claras, não resta muita alternativa à Petrobras para se capitalizar. O mercado financeiro internacional está fechado para a empresa, que ainda não publicou o balanço do terceiro trimestre. Na avaliação de Demetrius Borel Lucindo, economista da DMBL Investimentos, as contas não fecham. ;É impossível a Petrobras investir agora. Terá que rever investimentos e apelar para a venda de novas ações;, assinalou.
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