postado em 11/12/2014 16:52
A indústria criativa no Brasil registrou, entre os anos 2004 e 2013, um crescimento de 90% no número de trabalhadores, superando a expansão de 56% observada no mercado de trabalho no mesmo período. O dado consta do Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil, divulgada nesta quinta-feira (11/12) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). O gerente de Economia e Estatística do Sistema Firjan, Guilherme Mercês, disse à Agência Brasil que ;os trabalhadores criativos vêm ganhando espaço, ano após ano, no mercado de trabalho brasileiro;.Ele destacou que embora as pessoas, de modo geral, associem esse tipo de profissionais a ambientes ou empresas criativas, como agências de publicidade e produtoras, ;a verdade é que um quarto desses trabalhadores, isto é, 221 mil do universo mapeado de 892,5 mil trabalhadores, atuam na indústria de transformação onde, inclusive, têm uma participação superior à do mercado nacional;.
Dentro da indústria de transformação, o economista destacou os profissionais criativos que trabalham em áreas como pesquisa e desenvolvimento (P), distribuídos em várias indústrias, principalmente aquelas que necessitam de tecnologia avançada e são intensivas em capital, moda, design, que permeia diferentes indústrias, como a automotiva, e agrega valor ao produto.
Guilherme Mercês lembrou que outra área que passou a incorporar profissionais nos quadros de grandes e médias empresas é a publicidade. ;Hoje, você tem um mercado de consumo muito desenvolvido e as grandes empresas estão incorporando a publicidade para impulsionar o seu lado comercial;.
O economista da Firjan considerou que isso representa uma evolução do trabalho da indústria que sinaliza para uma tendência não só no Brasil, mas no mundo todo, que é ;abarcar maior valor agregado a partir de trabalhadores criativos dentro da indústria clássica;.
O estudo mostra que os salários da indústria criativa chegam a quase três vezes a média brasileira. ;Enquanto o trabalhador brasileiro médio ganha pouco mais de R$ 2 mil, o trabalhador criativo supera os R$ 5,4 mil mensais. Ou seja, são trabalhadores muito especializados, com exigência de qualificação elevada e isso justifica esses salários mais altos do que os trabalhadores padrão;, disse.
De acordo com o estudo da Firjan, o maior contingente de trabalhadores criativos foi encontrado em São Paulo (349 mil) e no Rio de Janeiro (107 mil). Juntos, os dois estados representam 51,1% dos trabalhadores criativos da indústria brasileira. A participação deles no total do mercado de trabalho de São Paulo e do Rio de Janeiro atinge 2,5% e 2,3%, respectivamente, acima da média nacional (1,8%).
Em consequência, os dois estados concentram também os maiores salários. Guilherme Mercês disse que isso tem a ver com a natureza da indústria criativa. ;Eu diria que a indústria criativa se desenvolve mais, tem maior protuberância nas economias mais desenvolvidas, que já deixaram de ser indústrias tipicamente clássicas e conseguem agregar valor e criatividade;.
Na pesquisa, os segmentos criativos foram divididos em quatro grandes áreas: consumo (arquitetura, publicidade, design, moda); cultura (patrimônio e artes, artes cênicas, música, expressões culturais); mídias (editorial, audiovisual); e tecnologia (biotecnologia, pesquisa e desenvolvimento, tecnologia da informação e comunicação -TIC).
Apesar do avanço registrado no Rio de Janeiro e em São Paulo, o economista sublinhou que ao se olhar para a última década, se constata que houve aumento da indústria criativa em todos os estados. ;Os trabalhadores criativos ganharam espaço em 23 dos 27 estados brasileiros;. E a remuneração acompanhou esse movimento. ;A remuneração cresceu 25% nos últimos dez anos, ficando um pouco abaixo da remuneração geral (29,8%), mas é natural em um setor que já recebe muito acima do trabalhador médio;, disse.
O estudo mostrou, ainda, que o setor criativo apresentou crescimento de 69,1% na última década no número de empresas criativas, que somaram 251 mil estabelecimentos, no ano passado. A estimativa, considerando a massa salarial dessas empresas, é que a indústria brasileira criativa gere um Produto Interno Bruto (PIB) em torno de R$ 126 bilhões, o que corresponde a 2,6% do total produzido no Brasil, em 2013. Em 2004, esse índice era 2,1%. No espaço de dez anos, o PIB total da indústria criativa cresceu 69,8% em termos reais, salientou Guilherme Mercês. Em igual período, o PIB brasileiro aumentou 36,4%.