postado em 13/12/2014 06:04
A onda global de incertezas e o aumento da aversão ao risco em economias emergentes provocaram estragos na imagem do país. Em meio à piora generalizada dos indicadores econômicos e diante do colapso de confiança que atinge empresários e famílias, o risco Brasil voltou a subir. Em apenas uma semana, o título que representa o descrédito do país junto do mercado avançou de 160 para 230 pontos. Com isso, chegou ao maior valor desde agosto de 2013.Quanto maior for o número de pontos, mais pesado será o prêmio de risco cobrado pelos bancos para emitirem as apólices do Credit Default Swap (CDS, seguro para calote de crédito, na sigla em inglês). ;Significa dizer que aumentou o risco de um default do Brasil, e quem costuma assegurar o pagamento desses títulos públicos, que são os bancos estrangeiros, agora está cobrando um preço mais elevado para isso;, esclareceu o economista sênior do Besi Investimento, Flávio Serrano.
São vários os motivos para o aumento da desconfiança com o país. Detentor de um rombo nas contas externas superior a US$ 80 bilhões, o Brasil é apontado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) como o emergente mais endividado, pelo conceito das transações correntes. Além disso, a situação das contas públicas chegou ao limite. Este ano, em vez de guardar recursos para quitar parte dos juros da dívida pública, o governo resolveu abandonar a meta de superavit primário.
Com isso, o país poderá registrar o primeiro deficit primário desde 1997. ;O mercado coloca preço nas coisas. Então, ele percebe que o Brasil, nos últimos anos, teve uma piora sensível da área fiscal. E isso é um dos motivos de risco, porque eventualmente o governo pode ter um problema grande e não conseguir pagar tudo o que deve;, constatou Serrano.