Agência France-Presse
postado em 16/12/2014 15:41
Londres- A queda do rublo, a queda da produção industrial chinesa e outros desafios econômicos fizeram que o barril de petróleo Brent ficasse nesta terça-feira (16/12) abaixo dos 60 dólares pela primeira vez em mais de 5 anos.Às 8h00 GMT (6h00 horário Brasília), o barril de Brent do Mar do Norte para entrega em janeiro foi cotado a 59,85 dólares no Intercontinental Exchange de Londres, uma queda de 1,21 dólar em relação ao fechamento de segunda-feira.
O outro barril de referência, o "light sweet crude" (WTI), para entrega em janeiro, foi cotado a 55,02 dólares no New York Mercantile Exchange (Nymex), em queda de 0,89 dólar em relação ao fechamento de segunda-feira (15/12). A contração da produção industrial chinesa em dezembro foi o principal fator de queda.
"Se a atividade industrial chinesa não cresce ou se retrai, isso significa que o resto do mundo não consome tanto e que a China precisa de menos energia porque produz menos produtos", explicou Mike van Dulken, analista da Accendo Markets. Os preços do petróleo caíram quase 50% desde o início do ano devido à ampla oferta e ao fraco crescimento da demanda global.
[SAIBAMAIS]Ao mesmo tempo em que a queda do Brent é provocada pelas más notícias econômicas, ela também as gera. A Rússia, exemplo mais visível, não consegue conter a queda do rublo -em mais de 50% em relação ao dólar nesse ano-, apesar de o banco central ter aumentado na segunda-feira sua principal taxa de juros de 10,5% para 17%.
As pesadas sanções econômicas ocidentais contra a Rússia, adotadas desde a anexação da Crimeia, e a queda dos preços do petróleo -que gera a metade das receitas do país- são duas das principais causas da grave crise financeira e econômica russa.
As bolsas das monarquias petroleiras do Golfo também recuaram - a de Dubai caiu 8% nesta terça-feira, a pior queda em mais de 5 anos-, e a inflação no Reino Unido ficou em 1% em termos anuais. Trata-se da cifra mais baixa em 12 anos e pode acabar sendo nefasta para a economia porque os salários não aumentam o suficiente para manter o crescimento.
"Os efeitos combinados da queda de preço do petróleo, o aumento dos juros pelo Banco Central russo e a diminuição da produção chinesa deram um triplo golpe nos mercados financeiros", resumiu Daniel Sugarman, analista da ETX Capital.
A menor produção da China gera menor necessidade de petróleo, enquanto a Rússia, como produtor primário de cru, se ressente verdadeiramente dos preços baixos, aos quais se somam as sanções", acrescentou.
As ações das companhias de petróleo também são derrubadas pelo mau momento do mercado. Apesar do cenário pessista, não há sinal de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que produz um terço do petróleo bruto mundial, reduzirá seu teto de produção para forçar o aumento dos preços.