Economia

Mesmo mantendo swap cambial, BC continua encurralado, afirmam especialistas

A alta de juros na Rússia e a queda no preço do petróleo pressionaram o mercado de câmbio, com a divisa dos EUA fechando a R$ 2,736. BC manterá programa de swap em 2015

postado em 17/12/2014 08:24
A alta de juros na Rússia e a queda no preço do petróleo pressionaram o mercado de câmbio, com a divisa dos EUA fechando a R$ 2,736. BC manterá programa de swap em 2015O dólar não dá trégua neste fim de ano. Para aflição do governo e daqueles que pretendem viajar ao exterior e alívio dos exportadores, a cotação da moeda norte-americana coleciona máximas em dezembro: ontem, avançou mais 1,87%, chegando a R$ 2,736 para venda. Foi a quinta alta consecutiva e, de novo, o maior patamar em quase 10 anos. Desde que o Banco Central retomou o aumento dos juros, no fim de outubro, a divisa dos Estados Unidos acumula valorização de quase 11% ; 7,5% somente nas duas últimas semanas, período em que a Selic chegou a 11,75% ao ano.

Antes do fechamento do pregão de ontem, o dólar passou de R$ 2,76, reforçando as apostas de que a cotação possa encostar nos R$ 3 ao longo de 2015. Diante das pressões internas e externas, que adicionaram um excesso de nervosismo ao mercado, o presidente do BC, Alexandre Tombini, antecipou que os leilões de contratos de swaps cambial ; espécie de venda futura de dólares para tentar conter a alta da moeda ; continuarão no ano que vem, com montante diário mínimo de US$ 50 milhões e máximo de US$ 200 milhões.

O anúncio sobre a manutenção do programa de leilões estava previsto para depois do discurso de hoje da presidente do Federal Reserve (o BC dos EUA), Janet Yellen. Tombini fez o anúncio depois de participar de audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal. A clara intenção foi de acalmar os investidores, assustados com a aversão ao risco de países emergentes, movimento que começou na Rússia. Não adiantou muito, pois a escalada altista se manteve. Segundo o chefe da autoridade monetária, nos próximos dias, o BC definirá os parâmetros do programa.

Encurralado

O tombo nos preços do petróleo tem maltratado as moedas de nações emergentes. Mas Tombini se esforçou para encarar com naturalidade a desvalorização do real. Comentou que, em ;momentos de incertezas;, a fuga de capitais de mercados como o brasileiro ocorre de maneira mais acelerada. ;Mas cada país reagirá à sua maneira;, disse ele, sustentando a robustez do sistema financeiro nacional, o que, acrescentou, favorece a ;normalização das condições monetárias;.



Mesmo com a decisão de manter o programa de swap cambial, o BC de Tombini continua encurralado, na opinião do economista e ex-diretor da autoridade monetária Alexandre Schwartsman. A oferta da chamada ;ração diária;, observou ele, não foi capaz, até aqui, de conter o avanço do dólar. ;O Banco Central errou;, avaliou. Além de acumular prejuízos, sublinhou Schwartsman, o BC agora se vê obrigado a manter a estratégia para evitar que a situação piore. ;Estão levando um ferro histórico e terão de operar com muito cuidado daqui para frente;, afirmou. O receio com os rumos da economia brasileira tem levado os investidores com dívida no exterior a correr para comprar dólar, o que acaba pressionando ainda mais a moeda norte-americana. A notícia de que o BC manterá o programa de swaps em 2015 não bastará para conter os ânimos do mercado, que deve continuar testando a autoridade monetária, no entender do gerente da Fair Corretora, Mário Battistel. ;Se a intenção era derrubar o dólar, faltou peso no comunicado. Pelo jeito, o programa seguirá os mesmos moldes;, comentou.

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