postado em 19/12/2014 19:26
Quem tiver mais de 30 anos certamente se lembrará do jingle que dizia que ;o tempo passa / o tempo voa / e (enquanto isso) a poupança Bamerindus continua numa boa;. Ainda hoje viva no imaginário popular, a propaganda publicitária se mostrou menos perecível que a saúde financeira da instituição financeira com sede em Curitiba, que foi à falência no fim de 1997, após investigações do Banco Central (BC) apontarem rombo no balanço do banco que tornava um calote nos correntistas praticamente inevitável.Esta sexta-feira (19/12), 16 anos depois de decretada a liquidação extrajudicial do banco, em março de 1998, finalmente chegou ao fim a polêmica em torno do caso Bamerindus. Em ato assinado pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, ficou declarada cessada a liquidação. Com isso, foi dispensado do cargo de liquidante Antônio Pereira de Souza, indicado pela própria autoridade monetária para levantar os créditos a receber do banco e repartir junto aos credores pela massa falida.
A liquidação só chegou ao fim porque em janeiro de 2013 o BTG Pactual aceitou pagar R$ 418 milhões ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC), então o maior credor do Bamerindus, para ficar com direitos creditórios e ativos detidos pela instituição. O acordo deu ao BTG, do banqueiro André Esteves, o direito de controle de 98% do capital social do Bamerindus.
A marca e os ativos bons do banco já haviam sido vendidos em 1997 para o HSBC, que pagou ao BC apenas R$ 381 milhões para assumir os 2,6 milhões de correntistas e as 1.241 agências do Bamerindus espalhadas pelo país. Em comunicado divulgado em janeiro de 2013 o BTG Pactual disse que pagaria os R$ 418 milhões ao FGC em cinco parcelas.
À época, esperava-se que todo o processo de cessão da liquidação demorasse apenas seis meses. Mas durou quase dois anos. Fundador do Bamerindus, o ex-banqueiro José Eduardo de Andrade Vieira não receberá nenhum tostão pelo negócio. Conhecido como Zé do Chapéu, o ex-banqueiro chegou a ser um dos maiores doadores de campanha do país, fato que lhe rendeu uma passagem pela vida política, como senador e também como ministro do governo Fernando Henrique Cardoso, durante o primeiro mandato. Hoje ele prefere o conforto de sua fazenda, localizada a 380 quilômetros da capital paranaense, Curitiba, à vida agitada em São Paulo ou em Brasília.