Economia

De olho no futuro, jovens 'fecham a mão' e aprendem a poupar dinheiro

Por falta de educação financeira, os jovens são as principais vítimas do excesso de endividamento. Mas há uma moçada que, desde criança, aprendeu o valor dinheiro e planeja o futuro, pois teme chegar à velhice sem condições para bancar uma vida digna

Rodolfo Costa
postado em 21/12/2014 08:03


A estudante Mayra Falcão, 18 anos, é daquelas que contam até os centavos. Nada, nenhuma moeda, independentemente do valor, escapa de suas mãos. Para ela, dinheiro indica um futuro melhor. Seu pensamento é cristalino: é poupando, por menor que seja a quantia, que poderá realizar os sonhos da fase adulta e, sobretudo, lhe garantir uma velhice melhor. ;Tenho muitos projetos de vida. Mas, sem dinheiro, não poderei realizar a maior parte deles; diz.

[SAIBAMAIS]Ela conta que aprendeu a arte de poupar com os pais. Anos antes de a jovem nascer, eles já economizavam o que podiam para que ela pudesse crescer com segurança ; a poupança, por sinal continua intacta. Aos seis anos, a estudante ganhou um cofre em formato de porquinho de porcelana que, em pouco tempo, foi preenchido. Veio daí o controle que tem sobre a mesada de R$ 400, que lhe permitiu comprar um videogame e ajudar os pais a pagarem o piano que tanto desejava.

A consciência da menina sobre o valor do dinheiro é tamanha que, mesmo tendo nascido depois do controle da inflação, não deixa de acompanhar a evolução dos preços. ;A carestia está presente no meu dia a dia. Então, sempre separo uma parte do meu dinheiro para o lazer e outra, para meu futuro;, afirma. Em janeiro, Mayra se mudará para Marília (SP), onde cursará medicina. Os recursos depositados na caderneta de poupança só serão usados depois que estiver formada. ;Meu sonho é abrir uma clínica e ter um consultório móvel para atender pessoas carentes;, ressalta. Antes, porém, ela viajará a Londres com os R$ 4 mil que guardou. ;Me acostumei a poupar, e manterei esse hábito;, diz.

A forma como Mayra lida com o dinheiro está longe de ser determinante entre os jovens de até 21 anos. A preocupação com o futuro é pequena nessa faixa etária. Estudo da Serasa Experian e Ibope Inteligência mostra que 62% da moçada não planeja a aposentadoria. ;O jovem tem um desejo maior de participar da sociedade de consumo. É cheio de vontade, quer viajar, ter roupas, eletrônicos e carros, sendo, emocionalmente, mais preocupado com o que os outros vão achar;, afirma o superintendente do SerasaConsumidor, Júlio Leandro.

Deixar-se levar pelo impulso é uma das ações mais comuns entre esse público. As pesquisas mostram que 36% dos jovens se mostram satisfeitos em gastar no ato, em vez de poupar para comprar mais à frente, 33% parcelam quando não têm dinheiro para a pagar à vista e 41% admitem comprar sem pensar ou pesquisar de forma consciente. Não é só: 27% reconhecem que vão às compras atrás de marcas aprovadas por amigos e parentes e 58% se sentem incapazes de administrar as finanças mesmo sem ter grandes responsabilidades por morarem com os pais.

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