Agência France-Presse
postado em 21/12/2014 17:17
As monarquias petrolíferas do Golfo acusaram neste domingo os países não-membros da Opep de terem provocado, com um excesso de produção, a derrubada nas cotações do petróleo. As cotações do óleo bruto perderam 50% do seu valor desde junho, devido a uma oferta abundante, ao fortalecimento do dólar e à fragilidade da demanda em um contexto de desaquecimento da economia mundial."Uma das principais razões (da baixa dos preços) é a produção irresponsável de alguns produtores fora da organização (dos países exportadores de petróleo, Opep), alguns dos quais são recém chegados" ao mercado, denunciou o ministro de Energia dos Emirados Árabes Unidos, Suhail Al Mazruei, no início de um fórum sobre energia em Abu Dhabi.
[SAIBAMAIS]Ele advertiu que os países produtores terão que suportar, devido à queda das cotações, uma "importante carga econômica", mas qualificou de "correta" a recente decisão da Opep de manter inalterado seu teto de produção, na última reunião do cartel, em sua sede, em Viena.
O ministro saudita do Petróleo, Ali Al Nuaimi, cujo país é o primeiro exportador mundial de óleo bruto, também acusou os países não-membros da Opep. A queda dos preços se deve, em parte, a "uma falta de cooperação dos principais produtores fora da Opep, a informações equivocadas e à cobiça dos especuladores", afirmou.
O ministro saudita previu que "os produtores que têm custos elevados não continuarão aumentando suas extrações", em clara alusão ao petróleo de xisto nos Estados Unidos. Além deste país, os principais produtores não-Opep são Rússia, Noruega e Reino Unido. "Estou convencido de que os mercados petroleiros vão se recuperar e de que os preços vão subir", acrescentou Al Nuaimi.
O ministro catariano do setor, Mohamed al-Sada, também disse o mesmo, embora tenha advertido que os atuais preços do óleo bruto "enfraquecerão os investimentos" no setor. Al Nuami rejeitou as alegações sobre "um complô" saudita que consistiria em baixar os preços com fins políticos e disse que a política petrolífera do seu país é "baseada em princípios puramente econômicos". Estas alegações "carecem de fundamento", disse o ministro.
Rússia e Irã, este último membro da Opep, dois países cujas economias dependem enormemente das receitas obtidas com o petróleo, fizeram alusão a um complô com o objetivo de manter os preços do petróleo nos mercados. A Rússia está confrontada com o Ocidente pela crise na Ucrânia, e o Irã, país xiita, é considerado adversário da sunita Arábia Saudita.