postado em 31/12/2014 08:46
O primeiro passo para o desenvolvimento sustentado de uma economia é ter um governo eficiente. Isso permite o aumento dos investimentos públicos e melhora o ambiente de negócios para as empresas privadas. Sem eficiência, grande parte do dinheiro e das iniciativas se perde pelo caminho e bilhões de reais escoam pelo ralo por má gestão ou corrupção. Desde 2007, o governo despendeu, por exemplo, quase R$ 2 trilhões em obras de infraestrutura por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mesmo assim, sete anos depois, as deficiências do setor continuam sendo um dos principais gargalos que sufocam o crescimento do país.Mais do que falta de recursos, o problema do setor público brasileiro é a incapacidade de gerir com competência e de forma transparente o dinheiro arrecadado de toda a sociedade, que não é pouco. A carga tributária é comparável à dos países mais ricos do mundo, mas os indicadores sociais estão muito distantes daqueles ostentados pelas nações desenvolvidas. Aqui, em 2013, os governos federal, estaduais e municipais recolheram, na forma de impostos, 35,9% do Produto Interno Bruto (PIB). Ou seja, mais de um terço de todas as riquezas produzidas por empresas e trabalhadores foram para os cofres oficiais. No entanto, ainda ocupamos o 79; lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Na Alemanha, os tributos representam 37,6% do PIB, mas o país está em 6; lugar no IDH.
A ineficiência nas esferas federal e, sobretudo, estadual e municipal, e a falta de uma gestão integrada empacam o desenvolvimento do Brasil. ;Temos cestas básicas enviadas pelo governo federal estragando nas prefeituras por falta de gestão. Vivemos uma crise de governabilidade pelos efeitos da corrupção e da deficiência na provisão de serviços públicos;, analisa o professor Cristiano Trindade de Angelis, autor do livro Gestão por inteligência para a reforma do Brasil. Mais do que investimento, o que falta, diz a professora Virene Matesco, especialista em macroeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV), é o retorno adequado da aplicação dos recursos públicos. ;A participação dos investimentos e das compras do governo na economia é alta, comparável ao Reino Unido e à Alemanha, o retorno é que é muito diferente;, analisa.
As mais recentes discussões sobre o papel do Estado convergem para a conclusão de que uma das tarefas mais importantes dos governos é prover educação de qualidade para todos, de forma a garantir igualdade de oportunidades. Quando se olham os recursos mobilizados para essa finalidade, o país até que não faz feio. O Brasil destina para todos os níveis de ensino o equivalente a 6,1% do PIB, mais do que a média de 5,6% observada entre os países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico(OCDE), que reúne 34 nações democráticas e de alto desenvolvimento econômico. A qualidade do ensino, no entanto, deixa muito a desejar: ocupamos a 59; posição num programa que avalia alunos de 66 países.
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