Londres- O euro caiu abaixo de 1,20 dólar nesta segunda-feira (5/1), pelas especulações sobre as novas medidas del Banco Central Europeu (BCE) e o eventual abandono da moeda única pela Grécia. Até as 17h00 GMT (15h00 do horário de Brasília), a moeda única europeia era cotada a 1,1919 dólar, em relação ao 1,2002 de sexta-feira (2/1).
O euro, que acaba de encerrar seu pior ano desde 2005 em relação ao dólar, chegou a cair a 1,1864 dólar, o nível mais baixo desde março de 2006. Na quarta-feira (31/12) à noite, a moeda única valia 1,2097 dólar. A moeda europeia também baixou em relação à moeda japonesa, a 142,69 ienes, em relação aos 144,58 de sexta-feira (2/1).
[SAIBAMAIS]"2015 começa com um estrondo para o euro", comentou Angus Campbell, analista da FxPro. "O mercado espera que o BCE aumente a oferta de moeda", afirmou. A entrevista do presidente do BCE, Mario Draghi, publicada na sexta-feira no jornal de economia alemão Handelsblatt não fez mais do que confirmar estas expectativas.
Draghi anunciou que o BCE "se prepara tecnicamente para modificar no início de 2015 o alcance, o ritmo e o caráter das suas ações" se for preciso reagir ao longo período de inflação baixa. Segundo ele, o risco de que a deflação se descontrole é maior do que há seis meses.
"De fato, o mercado espera que [a zona do euro] caia [em dezembro] em deflação pela primeira vez desde 2009", adverte Kathleen Brooks, analista da Forex.com, que não descarta que a queda seja maior do que o 0,1% esperado.
O anúncio de redução da inflação da Alemanha em dezembro, ainda que provisório, intensificou os maus presságios. Na quarta-feira se espera a primeira estimativa de inflação para a zona do euro.
Plano de apoio do BCE
O BCE pode injetar liquidez no sistema financeiro da zona do euro para estimular a atividade econômica, o que contribuiria também para diluir o valor da moeda única, tornando-se menos atrativa para os investidores. Desse modo, poderia comprar a dívida dos países da zona do euro em grande dificuldade financeira. Esses títulos são considerados ativos de risco.
"A queda do euro deve ser uma boa notícia para Draghi, que tenta fazê-lo cair há meses", disse Angus Campbell. Uma divisa mais desvalorizada tende a tornar mais competitivas as exportações, contribuindo para a recuperação econômica.
A volatilidade do euro crescerá conforme se aproxima a próxima reunião do BCE, no dia 22 de janeiro, e as eleições legislativas na Grécia, previstas para 25 de janeiro, nas quais a esquerda radical, que defende uma reavaliação das medidas de austeridade e quer renegociar a dívida, tem grandes chances de ganhar.
Para Connor Campbell, analista da Spreadex, a informação de que a chanceler alemã, Angela Merkel, está disposta a deixar a Grécia sair da zona do euro caso o partido de esquerda Syriza chegue ao poder, precipitou a queda do euro.
Nos Estados Unidos, os negociadores aguardam os dados de dezembro sobre emprego no setor privado, que serão divulgados nesta quarta-feira, e do importante relatório mensal, que é um termômetro da recuperação econômica da maior economia mundial.
Preço do petróleo e bolsas caem
Por outro lado, o preço do petróleo continua caindo nesta segunda-feira (5/1), inflada pela produção iraquiana e russa.
Até as 17h00 GMT (15h00 no horário de Brasília), o barril de Brent do mar do Norte para entrega em fevereiro era negociado a 53,09 dólares no Intercontinental Exchange (ICE) de Londres, 3,33 dólares menos do que na sexta-feira (2/1), enquanto no New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril de "light sweet crude" (WTI) para o mesmo prazo de entrega caía 2,42 dólares, a 50,27 dólares.
As principais bolsas da Europa fecharam em queda nesta segunda-feira (5/1), impactadas pelos temores de que a Grécia deixe a União Europeia após as eleições legislativas.
Em Paris, o CAC 40 caiu 3,31%, a 4.111,36 pontos. Em Frankfurt, o DAX 30 recuou 2,99%, a 9.473,16 pontos. Em Londres o FTSE 100 teve queda de 2%, a 6.417,16 pontos e em Milão o FTSE Mib teve baixa de 4,92%.