Ao tomar posse no cargo, o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deixou claro que o antigo modelo econômico, que gerou baixo crescimento e inflação elevada, já se esgotou. ;É evidente que já estava se esgotando a capacidade de ação do modelo econômico (anterior);, disse Levy, durante sua primeira entrevista coletiva no cargo.
Levy também mencionou que a evolução do crescimento econômico dependerá da ;resposta; da economia às medidas que serão adotadas pela nova equipe econômica liderada por ele. ;A evolução da economia vai depender muito da velocidade da resposta da economia de um modo geral;, mencionou.
O ministro lembrou medidas já tomadas, como corte de pagamentos de benefícios no seguro-desemprego e pensões, e falou sobre o papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que cresceu mais fortemente durante os últimos quatro anos. ;Esse reajuste do BNDES é importante, esse ajuste sobre alguns excessos no caso das pensões e do seguro desemprego são importantes, que vão não só trazer economia (de recursos públicos), mas também serão favoráveis à própria dinâmica do mercado de trabalho;, reforçou.
O comandante da equipe econômica reforçou que o país vinha em ;processo de desaceleração;, que culminou no menor resultado da crescimento econômico em 2014. Para este ano, Levy não se comprometeu com uma projeção para a expansão do PIB. ;É difícil fazer a previsão exata para os próximos três ou quatro meses;, mencionou, mas avisou que estava próxima ao que o mercado ;está estimando;.
Nesta segunda-feira, o Banco Central divulgou a mais recente edição do boletim Focus. O documento em que constam as apostas de 100 analistas de bancos e corretoras prevê que o PIB avance 0,5% este ano. Em 2014, as estimativas são de um crescimento de apenas 0,15% -- o pior desempenho desde a recessão de 2009, quando o PIB encolheu 0,3%. ;A economia brasileira tem mostrado muita resiliência;, afirmou Levy.
Inflação
Questionado sobre o compromisso do governo de perseguir o centro da meta de inflação, de 4,5% ao ano, Levy desconversou. ;Não vou me pronunciar sobre meta de inflação, até porque eu estou neste prédio (do Banco Central);, disse. O alerta não foi à toa. Pela Constituição brasileira, a autoridade monetária é quem tem o mandato de assegurar o poder de compra da moeda. Durante o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, o antigo ministro da Fazenda, Guido Mantega, costumava mencionar com frequência o compromisso das metas de inflação e até sugeriu, em diversos momentos, que o BC deveria baixar juros.
Levy mencionou, entretanto, que a ideia do governo é buscar uma queda da inflação no médio prazo, ;antes de 2017;. Mas, por fim, voltou a reforçar que declarações nesse sentido deveriam ser feitas ao BC. ;As projeções do BC indicam o melhor cálculo (para a trajetória de convergência da meta de inflação);, disse.