Economia

Evolução de preços na zona do euro é negativa pela 1ª vez desde 2009

Os preços dos alimentos, das bebidas alcoólicas e do tabaco não sofreram variação em dezembro

Agência France-Presse
postado em 07/01/2015 17:14
Bruxelas- A evolução dos preços na zona do euro foi negativa em dezembro, dando um novo passo em direção à temida deflação, o que leva os analistas a esperarem novas medidas do Banco Central Europeu (BCE). Em dezembro, a zona do euro registrou uma evolução de preços de -0,2%, segundo a primeira estimativa da agência europeia de estatísticas Eurostat, publicada nesta quarta-feira (7/1).

[SAIBAMAIS]Isso se deve principalmente a uma queda de preços da energia, com um barril de petróleo que perdeu metade de seu valor de mercado desde junho. Em dezembro, os preços da energia caíram 6,3%.

Os preços dos alimentos, das bebidas alcoólicas e do tabaco não sofreram variação em dezembro (0,5%, em novembro), assim como os bens industriais (-0,1%, em novembro). A única alta de preços anual é a dos serviços (1,2%, estável em comparação a novembro). É a primeira vez que a evolução de preços é negativa na zona do euro desde outubro de 2009, quando registrou recuo de 0,1%.

Os analistas preveem uma contração para dezembro de 0,1% e, se esse período em território negativo se prolongar, a zona do euro pode entrar em deflação - um fenômeno de queda prolongada e generalizada dos preços e salários que desestimula o consumo e a atividade econômica.

Os economistas alertam há meses sobre o risco da deflação na zona do euro com um crescimento pífio e novas incertezas geradas pela convocação das eleições na Grécia, em 25 de janeiro. O partido de esquerda Syriza, favorável à reestruturação da dívida, é apontado como favorito nas pesquisas.

"A deflação pode significar o começo de um fenômeno prolongado e prejudicial à moeda única, que pode reativar a crise da dívida na região", afirmou Jonathan Loynes, economista-chefe da Capital Economics.

"Os dados da inflação de dezembro aumentam a pressão já significativa sobre o BCE para que a instituição ative o ;quantitative easing; (expansão quantitativa da moeda) em sua reunião de 22 de janeiro", avaliou Howard Archer, da IHS Global Insight.

Archer considerou que um "terceiro e sucessivo aumento do desemprego em novembro oferece mais argumentos para um ;quantitative easing;". Nesta quarta, a Eurostat publicou os dados de desemprego de novembro, que ficou em 11,5% na zona do euro, inalterado desde agosto.



Para Archer, o BCE teve "um pequeno consolo" no fato de que a inflação básica, excetuados energia e alimentos, se manteve estável em 0,7% em dezembro. Em entrevista publicada na semana passada, o presidente do BCE, Mario Draghi, estimou que o risco de deflação "não está excluído, mas é baixo".

Entre suas prerrogativas, o BCE deve manter a inflação em um nível inferior mas perto de 2%, algo que não acontece há meses. Draghi garantiu que o BCE "está se preparando tecnicamente para, no início de 2015, modificar a amplitude, o ritmo e o caráter das medidas a serem empregadas diante de um período de deflação".

Os economistas esperam que o BCE execute novas políticas monetárias, seguindo o modelo implementado pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) nos últimos anos, que consiste em injetar liquidez no sistema financeiro para estimular a atividade econômica.

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