postado em 12/01/2015 16:25
Os trabalhadores da Petrobras iniciaram hoje (12) vigília na sede da empresa, no centro do Rio de Janeiro, e prometem repetir o ato diariamente, até que seja paga a participação nos lucros e resultados (PLR), referente a 2014, a que a categoria tem direito, em cumprimento à Lei 10.101/2000.Segundo informou o diretor-geral do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), Emanuel Cancella, o valor relativo à PLR do ano passado deveria ser paga no primeiro mês do ano, como ocorre normalmente, ;porque o trabalhador petroleiro já tem sua vida financeira e doméstica toda organizada, porque sabe que em torno do dia 10 de janeiro, recebe a PLR;.
Este ano, Cancella disse que a categoria foi surpreendida pela manifestação da estatal de que não iria pagar na data ajustada, por causa do atraso do balanço do terceiro trimestre (de 2014). A divulgação do balanço foi adiada duas vezes pela empresa, devido a fatos vinculados à Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga esquema de corrupção na estatal. A divulgação deve ocorrer até o próximo dia 31, conforme anunciou a companhia no final de dezembro, mesmo sem auditoria da PricewaterhouseCoopers (PwC).
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Os petroleiros discordam da postergação do pagamento da PL,R e alegam que durante toda a investigação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), instalada para apurar irregularidades envolvendo a empresa, de 2005 e 2014, todos os indicadores da empresa melhoraram. ;A Petrobras aumentou a capacidade de refino, fez novas descobertas e, na semana passada, alçou o primeiro posto de empresa produtora de petróleo no mundo, passando a Exxon Mobil, e é a quarta do mundo em produção de petróleo e gás. Então, isso é fruto do trabalho de uma categoria;, segundo Cancella.
Por isso, o diretor do Sindipetro-RJ exige o pagamento da PLR. Os petroleiros reivindicam também o pagamento de aposentados e pensionistas, já definido pela estatal, mas a empresa não diz, no entanto, quando vai pagar. ;Nós estamos exigindo que seja pago logo, nós queremos uma política eficaz de combate à corrupção;, acrescentou.
Os petroleiros querem ainda o fim dos leilões para exploração de petróleo e gás no país. Emanuel Cancella disse que a direção da Petrobras, tentando conter a insatisfação dos empregados, já comunicou a decisão de antecipar o pagamento da parcela do 13; salário. ;Isso alivia um pouco, mas não resolve o problema. Nós vamos continuar em vigília até que ela [presidenta da Petrobras, Graça Foster] cumpra os compromissos que assumiu com a categoria. Nós vamos ficar mobilizando a base;, destacou.
O diretor do Sindipetro-RJ e secretário de Comunicação da Central Única dos Trabalhadores do Rio de Janeiro (CUT), Edison Munhoz, reclamou que qualquer trabalhador, ;e não só o da Petrobras, acaba pagando a conta de qualquer desvio, de qualquer coisa fora da ética. E mais uma vez eles [dirigentes da Petrobras] tentam empurrar isso para cima do petroleiro;. Ele disse que não há desculpa para atrasar o pagamento da PLR, porque a Petrobras, apesar dos problemas provocados pelas denúncias de corrupção, aumentou o lucro e cresceu. ;Não tem por que continuar retendo valores quando se sabe que o balanço, mesmo com a dificuldade de fazê-lo no momento, por questões ligadas à corrupção, terá um valor maior [que o anterior];.
Munhoz indicou que a estatal deveria garantir o valor pago em 2014, relativo à PLR do ano anterior, e quitar a diferença mais à frente, quando tiver o balanço em mãos. Por lei, a PLR equivale ao pagamento de até 25% do lucro aos trabalhadores. Segundo Munhoz, a Petrobras está pagando em torno de 15% a 16% do lucro para dividir pelos trabalhadores, ;o que pode dar um salário base para o menorzinho, que está lá em baixo, e pode dar um valor que a gente desconhece para aqueles que têm cargo de direção;.
A assessoria de imprensa da Petrobras comunicou que está sendo preparada uma nota sobre a reivindicação dos petroleiros referente à PLR, mas não precisou quando ocorreria a divulgação. Amanhã (13) o Conselho de Administração da empresa vai se reunir a portas fechadaa. A expectativa é que a pauta inclua a aprovação do balanço contábil relativo ao terceiro trimestre do ano passado.