Economia

SPC: falta de disciplina é maior dificuldade para controle gastos

O problema da falta de controle dos gastos tem origem nas despesas feitas tanto com dinheiro vivo como com cartão de crédito

postado em 21/01/2015 17:42
O brasileiro não coloca o controle financeiro como prioridade em sua vida e falta disciplina para conter os gastos. Essa é a principal conclusão da pesquisa Educação Financeira do Brasileiro, divulgada hoje (21) pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), segundo a economista-chefe da entidade, Marcela Kawauti. A pesquisa foi efetuada em todas as capitais com 662 pessoas acima de 18 anos, de todas as classes sociais e gêneros.

De acordo com a sondagem, quatro em cada dez entrevistados (37%) não se consideram organizados financeiramente e 69% admitem sentir algum tipo de dificuldade para fazer o controle de suas receitas, despesas e investimentos. Marcela relatou que, de modo geral, os brasileiros costumam colocar vários empecilhos para não fazer o controle do seu orçamento pessoal, entre os quais preguiça, falta de tempo e ;não sei por onde começar;. Em segundo lugar, disse que os cidadãos ignoram a forma como esse controle deve ser feito.

Uma parcela de 21% dos consultados que registram diariamente as informações têm entre 25 e 34 anos. A pesquisa destaca nesse caso as classes sociais A e B (23%) e pessoas e de maior nível de escolaridade (21%). ;Quanto maior a escolaridade, também é maior o controle;, manifestou Marcela. A proporção de pessoas que não se consideram organizadas financeiramente aumenta entre os menos escolarizados (43%) e os pertencentes à classe C (43%).

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Marcela ressaltou que, apesar de o brasileiro identificar a disciplina como uma característica importante para uma pessoa ser organizada financeiramente, essa ainda não é uma característica que ele reconhece em si mesmo. ;Ela é, inclusive, uma das principais dificuldades que o brasileiro tem na hora de fazer esse controle efetivo do orçamento;.

A economista sugeriu que os brasileiros devem ter a vontade de tornar o controle de seus gastos uma coisa real. Segundo a pesquisa, 59% dos entrevistados disseram fazer controle sistemático do orçamento. Apesar disso, somente 16% anotam os gastos diariamente. ;Se você não anota todo dia, o seu controle pode não ser muito eficiente. Você acaba esquecendo;. A intenção parece ser no sentido de fazer um planejamento financeiro, mas as pessoas não praticam isso no dia a dia. É preciso, disse, que elas coloquem isso dentro do seu hábito de consumo. ;Fazer esse controle sistemático no dia a dia e, principalmente, ter perseverança até que isso se torne um hábito. Há muitos ganhos se essa meta for alcançada", avaliou.

O problema da falta de controle dos gastos tem origem nas despesas feitas tanto com dinheiro vivo como com cartão de crédito. A pesquisa mostra que o orçamento não é registrado para os gastos em dinheiro e, muitas vezes, o brasileiro não fecha a sua conta no final do mês e acaba recorrendo ao cartão de crédito, quase mensalmente, para fazer a conta fechar.

;Aí, quando o brasileiro assume que faz isso de forma recorrente, a gente vê que não ter fechado a conta no primeiro mês não ensinou a ele que é melhor segurar um pouco, por o pé no freio no mês seguinte, para não recorrer ao cartão de crédito todo mês, porque senão ele [o cartão] acaba virando uma renda. Uma hora, esse comportamento resulta em taxas de juros muito elevadas e, principalmente, inadimplência;. Dois em cada dez consumidores chegam ao fim do mês sem conseguir pagar as contas em dia. Outros 22% conseguem honrar os compromissos financeiros, mas não sobra dinheiro para poupança ou investimentos, revela a pesquisa.

Dentro dos 59% que fazem o controle dos gastos, 23% disseram ter um caderno de anotações, 32% contam com a ajuda de uma planilha no computador e 4% têm registro de aplicativos no celular. ;Mas 26% falaram fazer conta de cabeça. E aí é um problemão. Você sempre esquece alguma coisa. O controle tem de ser sistemático;.

A economista-chefe do SPC Brasil disse que se a pessoa faz controle do orçamento pessoal e tem uma reserva financeira, ela acaba tendo uma vida mais tranquila, ;uma vida financeira sustentável;. Consegue resolver algum problema que surja de repente, pode planejar viagens e trocar de carro, por exemplo. ;Não se planejar financeiramente tem o grande risco da inadimplência, mas também tem o risco de viver sempre com dor de cabeça ou sempre na corda bamba;.

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