Agência France-Presse
postado em 30/01/2015 15:50
O índice de preços na zona do euro repetiu em janeiro o mínimo histórico alcançado em julho de 2009 ao registrar uma contração de 0,6%, o que confirma a aceleração da deflação e justifica, segundo analistas, que o Banco Central Europeu (BCE) tenha decidido injetar mais dinheiro no circuito financeiro.Os preços caíram 0,6% em janeiro, arrastados pela queda das tarifas de energia, segundo uma primeira estimativa da agência europeia de estatísticas Eurostat publicada nesta sexta-feira.
Em dezembro, a zona do euro, que em janeiro acrescentou a Lituânia ao grupo (seu 19; membro), havia registrado uma evolução de preços negativa, de -0,2%, pela primeira vez desde outubro de 2009.
O cenário se repete e se acentua pelo segundo mês consecutivo. A cifra para janeiro é a mais baixa da história da moeda única europeia. Os preços já alcançaram este nível de contração em julho de 2009.
Leia mais notícias em Mundo
[SAIBAMAIS]A deflação, um fenômeno de queda prolongada e generalizada dos preços e salários que desestimula o consumo e a atividade, constitui um golpe para a zona do euro, que busca desesperadamente retomar seu crescimento econômico.
Para dissipar este perigo e relançar tanto a inflação quanto o crescimento, o BCE usou de artilharia pesada em 22 de janeiro e injetou montanhas de liquidez no sistema econômico, as compras de dívida, versão moderna da impressão de dinheiro.
No total, a instituição se prepara para injetar 1,14 trilhão de euros no circuito financeiro.
"A queda dos preços e as alarmantes expectativas sobre até onde se orientam, evidenciam que já é hora de atuar", disse à Bloomberg Richard Barwell, economista do Royal Bank of Scotland.
A forte queda nos preços em janeiro se atribui à brutal queda das tarifas de energia, que se contraíram em 8,9%. Em dezembro já haviam registrado uma forte queda, de 6,3%.
Alimentos, bebidas alcoólicas e tabaco também sofreram uma contração dos preços (-0,1% contra preços estáveis em dezembro), assim como no setor de bens industriais, sem contar a energia (-0,1%).
O único aumento é o dos serviços, que já desacelera: 1% contra 1,2% no mês anterior.
Os analistas também observam uma contração na inflação básica, sem os preços da energia e dos alimentos, que caiu de 0,7% a 0,6%.
"Uma maior queda (da inflação básica) pode levantar as suspeitas de que o ;quantitative easing; (o programa de injeção de liquidez do BCE) chega muito tarde para manter conter deflação", estimou Teunis Brosens, da ING.
Alguns analistas, no entanto, acreditam que o programa do BCE não mudará radicalmente a inflação na zona do euro. Segundo Johannes Gareis, economista do banco Natixis, o ;QE; do BCE fará subir a inflação "de 0,2% a 0,4% em dois anos". A instituição de Frankfurt deve controlar uma inflação em torno de 1,7%.
No entanto, Gareis não espera a que a zona do euro ingresse em uma espiral deflacionária negativa". "No momento, não há indícios de que os consumidores estejam adiando suas decisões de compra à espera de uma queda maior dos preços", acrescentou.
Jonathan Loynes, economista-chefe da Capital Economics, acredita que a queda na inflação básica "reflete a fragilidade da demanda" na zona do euro. Loynes vê um sinal positivo no mercado laboral, que "melhora lentamente".
Por outro lado, o desemprego na zona do euro caiu em dezembro um décimo, a 11,4%, o menor nível baixo desde agosto de 2012, informou a Eurostat.
Cerca de 157.000 pessoas deixaram as filas de desempregados em dezembro, um dado "alentador", segundo Howard Archer, da IHS Global Insight.
"Isso estimula a expectativa de que o preço muito baixo do petróleo bruto e um euro fraco estão promovendo um ambiente mais favorável para o crescimento e estimulando a criação de empregos", avaliou.