Agência France-Presse
postado em 31/01/2015 12:27
O governo grego busca a partir deste sábado aliados na Europa para acabar com a austeridade e reestruturar sua dívida, o que a Alemanha continua negando.Por sua própria iniciativa, o ministro grego da Economia, Yanis Varoufakis, adiantou neste sábado sua visita a Paris, onde se reunirá no domingo pela tarde com o colega Michel Sapin.
Varoufakis e o primeiro-ministro Alexis Tsipras buscarão aliados na França e na Itália, dois países mais receptivos a seus argumentos.
[SAIBAMAIS]Eles tentarão assim ficar amigos frente à intransigência da Alemanha, e após anunciar na sexta-feira que seu governo quer romper com a troika de credores e com suas políticas de austeridade.
A chanceler Angela Merkel advertiu neste sábado que descarta um novo perdão da dívida grega e lembrou que em 2012 os credores privados perdoaram a metade da dívida soberana da Grécia, cerca 106 bilhões de euros.
Segundo uma pesquisa para a rede pública alemã ZDF, realizada logo depois da chegada do Syriza ao poder, 76% dos alemães são contrários ao perdão da dívida grega.
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Na linha da chanceler, o ministro alemão da Economia Wolfgang Sch;uble se pronunciou no jornal Die Welt contra essa opção.
Apesar de cinco anos de ajustes, a dívida pública grega segue em níveis astronômicos (175% do PIB), e o governo da esquerda radical Syriza exige um perdão de 50% para estimular a economia.
O Executivo grego anunciou na sexta-feira que não deseja receber a última parcela de ajuda pendente, cerca de 7 bilhões de euros. E afirmou também que não quer prolongar o resgate, que expira em 28 de fevereiro.
Durante a semana, o governo anunciou diversas medidas para pôr fim às políticas de austeridade e às privatizações aplicadas desde 2010 em troca de dois resgates em um total de 240 bilhões de euros.
Os primeiros movimentos do governo Syriza estão sendo acompanhados de perto na Espanha, onde o seu aliado Podemos organiza neste sábado uma grande manifestação em Madri contra a "casta" dirigente.
Tsipras quer cumprir promessas
Em um encontro com seu gabinete nessa sexta-feira à noite, Tsipras afirmou que manterá suas promessas eleitorais, segundo a imprensa local, que cita fontes do governo.
"Meus predecessores escolheram dizer uma coisa durante a campanha e fazer outra depois das eleições. Tinham o apoio da população e o perderam. Eu quero me manter fiel a minhas promessas", disse Tsipras, líder da esquerda, ao seu vice-primeiro-ministro, Yanis Dragasakis, e seu ministro da Economia, Yanis Varoufakis.
O ministro da Economia e o primeiro-ministro fizeram as declarações após as visitas na quinta e na sexta-feira a Atenas dos primeiros dirigentes da UE, o presidente da Eurocâmara, Martin Schulz, e o chefe do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem.
Este último se mostrou tenso na coletiva de imprensa com Varoufakis, e afirmou que Atenas "ignorar os acordos prévios não é um caminho a seguir".
Depois de sua passagem pelo Chipre, visita obrigatória para um primeiro-ministro grego recém-eleito, Tsipras se reunirá na terça-feira em Roma com o colega italiano, Matteo Renzi. Na quarta-feira se encontrará em Paris com o presidente francês, François Hollande.
O ministério grego das Finanças anunciou neste sábado que contratou o banco francês Lazard para assessorar o governo na questão da dívida pública.