Economia

Rombo fiscal da União e das perdas na conta-corrente desafiam governo

Soma dos dois números negativos chegou a 10,9% do PIB em 2014, um salto de 53,5%

Rosana Hessel, Paulo Silva Pinto
postado em 16/02/2015 07:31
Soma dos dois números negativos chegou a 10,9% do PIB em 2014, um salto de 53,5%O sufoco do governo para equilibrar as suas contas associado às transações brasileiras com o mundo no vermelho deixa os cidadãos cada vez mais pobres e o país ainda mais dependente do financiamento internacional. A saída para essa combinação desses dois rombos simultâneos ; fenômeno conhecido pelos economistas como deficits gêmeos ; é ainda mais desagradável: dólar valorizado, inflação nas alturas e a necessidade de cobrar da população mais juros e mais impostos.

Segundo especialistas, quando um dos grandes agregados econômicos vai mal, o país precisa entrar em alerta. Mas se dois desses referenciais pioram assustadoramente, é porque a coisa está para lá de complicada. Esse é o retrato atual do Brasil, com os rombos gêmeos avançando e prometendo dias mais duros para os brasileiros.



Em 2013, o deficit nominal do setor público ficou em 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB). O saldo negativo da conta externa ficou, por sua vez, em 3,6%. Juntos, esses números representam 7,1% do PIB. Ocorre, contudo, que o resultado fiscal nominal, em que não há desconto para o que se paga com os juros da dívida do governo, saltou de -3,5% para -6,7%. O buraco nas transações correntes também cresceu, para 4,2%. A soma de ambos, portanto, foi para 10,9% ; uma disparada de 53,5%.

Apesar de o governo esperar reverter esse processo em 2015, economistas duvidam do cumprimento da meta. Em vez disso, preveem, maior desvalorização do real e mais pressão inflacionária, desafios que serão combatidos com juros ainda mais altos e por um período superior ao que se imaginava. A relação entre os dois itens que compõem os deficits gêmeos é íntima. ;Não tem jeito. Se o governo insiste em gastar mais do que arrecada, isso vai bater nas contas externas;, explicou o economista Reinaldo Gonçalves, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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