Agência France-Presse
postado em 20/02/2015 16:46
Atenas e a zona do euro, liderada pela Alemanha, iniciam nesta sexta-feira (20/02) uma nova reunião de ministros das Finanças para tentar chegar a um acordo sobre o financiamento da Grécia e evitar um novo período de incertezas na Europa.A reunião do Eurogrupo (integrado pelos 19 ministros das Finanças da zona do euro) estava programada para começar às 14H00 GMT (12H00 de Brasília), mas as discussões demoraram a decolar em um ambiente denso e de confrontação entre Alemanha e Grécia.
"Não preciso nem dizer que as negociações são bastante complicadas. Há motivos para sermos otimistas, mas é muito difícil", admitiu o presidente del Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, antes de dar início às negociações sobre a prorrogação do programa de financiamento da Grécia, que termina dentro de oito dias. Sem um acordo, a Grécia corre o risco de se ver sem recursos e condenada a uma saída da zona do euro.
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"A Grécia está e deve continuar na zona do euro", afirmou nesta sexta-feira o presidente francês, François Hollande, após um almoço em Paris com a chanceler alemã, Angela Merkel, antes da reunião do Eurogrupo, que por fim iniciou às 16H30 locais (15H30 GMT, 13H30 de Brasília), com uma hora e meia de atraso.
"A ação política tem como objetivo manter Atenas na zona do euro", reforçou Merkel, durante uma coletiva de imprensa conjunta na capital francesa. "É preciso melhorar consideravelmente a substância das propostas (gregas) para que obtenhamos um acordo do Bundestag", disse Merkel, referindo-se à necessária aprovação pela câmara baixa alemã de um acordo com a Grécia.
A reunião dos 19 ministros de Finanças da Eurozona, a terceira em menos de dez dias, deveria resultar em um acordo sobre a extensão do programa de ajuda à Grécia, que expira em 28 de fevereiro.
A Grécia quer virar a página da austeridade. Mas a Alemanha, com a inflexibilidade encarnada por seu ministro da Economia, o conservador Wolfgang Sch;uble, exige que Atenas continue saneando suas contas públicas e faça as reformas estruturais exigidas em troca dos planos de apoio no valor de 240 bilhões de euros.
Para facilitar um acordo, uma mediação foi organizada nesta sexta-feira pela zona euro, o FMI e a Comissão Europeia entre Schauble e seu colega grego Yanis Varoufakis -ambos mantêm relações difíceis-, segundo uma fonte grega.
"Não recorremos um quilômetro, mas dez, esperamos que nossos parceiros recorram o caminho restante", disse Varoufakis em sua chegada, expressando seu desejo de que haja uma "fumaça branca ao fim da reunião". A Alemanha não está sozinha, conta com o apoio da Finlândia e dos países bálticos ao norte, além da Espanha e de Portugal.
Atenas quer flexibilidade
Atenas deu na quinta-feira um passo importante em direção ao um compromisso, pendido a extensão da assistência financeira da zona do euro. Em uma carta dirigida ao Eurogrupo, o governo grego também disse estar disposto a aceitar a supervisão de seus credores (UE, BCE e FMI) e se comprometeu a se abster de "qualquer ação unilateral" que prejudique suas metas orçamentárias.
Em troca pede alguma flexibilidade que permita retificar as medidas de austeridade mais penosas, tal como prometeu Alexis Tsipras, o novo primeiro-ministro de esquerda durante sua campanha vitoriosa. O fim da flexibilidade será muito debatido pelo medo de vários países de que a Grécia não cumpra seus compromissos.
Após receber o pedido grego, o ministério alemão da Economia foi lacônico ao recusá-lo, dizendo que não via nenhuma "solução substancial". Entretanto, ainda na quinta-feira uma porta-voz da chanceler Angela Merkel suavizou, de Berlim, essa posição.
"Para o governo alemão, [a demanda grega] ainda não é suficiente, mas ela considerada como um ponto de partida para outras negociações", disse a porta-voz.
Caso não se chegue a um acordo, o primeiro-ministro grego pedirá a convocação de uma cúpula de emergência da União Europeia no domingo.
"O primeiro-ministro, Alexis Tsipras, informou ao chefe do Conselho da Europa, Donald Tusk, que a Grécia solicitará a convocação de uma cúpula de emergência da UE no domingo se não houver um resultado positivo nas negociações do Eurogrupo nesta sexta-feira", informou uma fonte do governo em Atenas.