postado em 27/02/2015 08:49
Resistindo à determinação da Justiça, os caminhoneiros mantêm protestos em rodovias de ao menos seis estados, em cinco deles com bloqueios, nesta manhã de sexta-feira (27/2). De acordo com o último balanço da Polícia Rodoviária Federal (PRF), os bloqueios atingem Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Ceará. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou na quinta-feira (26/2) que determinou à Polícia Federal (PF) a abertura de inquéritos para apurar se ocorreram abusos nos protestos de caminhoneiros que bloquearam dezenas de rodovias do país nos últimos dias.O ministro afirmou que as negociações da véspera atenderam as reivindicações das lideranças oficiais, que aceitaram o acordo e pediram a paralisação dos protestos. Contudo, os bloqueios continuaram ontem, embora as ocorrências tenham diminuído. ;Na quarta-feira, foram 119 pontos de bloqueios em 10 estados. Hoje (ontem) pela manhã, eram 97 pontos em sete estados, mais concentrados no Sul, onde os manifestantes insistem em permanecer;, disse Cardozo. No início da noite, a PRF informou que havia 75 trechos bloqueados em cinco estados.
[SAIBAMAIS]A presidente Dilma Rousseff afirmou que o governo está fazendo todo o esforço para encerrar as paralisações. ;Nós apresentamos, junto com várias lideranças que foram consultadas, um conjunto de propostas. Esse conjunto foi divulgado e a gente tem visto que tem tido recepção;, disse. Ontem, Dilma reuniu-se com o titular da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rosseto para fazer um balanço da situação. Na avaliação do ministro, o movimento perdeu abrangência e está concentrado no Sul do país.
Prejuízos
Além de desrespeitarem a lei, os protestos estão gerando prejuízos cada vez maiores para vários setores. As perdas, de acordo com a Associação Brasileira de Logística e Transporte de Carga (ABTC), já chegam a R$ 20,8 milhões por dia, em uma estimativa otimista. A ABTC destacou que as empresas mais afetadas são as que realizam transporte de longa distância, embora todo o sistema tenha sido impactado, e citou companhias como Transportadora Cometa, RS Transporte, Eclipse, Cimpor, Lima Transporte, White Martins, Lida Transporte e Copagas. Essas empresas não encontram alternativa para escoar as cargas porque os bloqueios são realizados nos principais corredores rodoviários.
Na avaliação de Gilberto Angelo, gerente geral de produtos e títulos agrícolas do escritório BI, o agronegócio é o setor mais afetado. ;Os produtores rurais estão sem combustível para continuar as colheitas. Os maquinários estão encostados. O leite está sendo despejado nas rodovias, e legumes e verduras são jogadas nos acostamentos;, observou. Para o especialista, o principal problema é com a soja, produto que lidera as exportações do Brasil. ;Se a situação não se normalizar em quatro ou cinco dias, 80% dos produtores vão ter queda de produtividade por não conseguirem colher no prazo. Os grãos maduros estão caindo e a safra perde qualidade;, ressaltou.
Com informações de Simone Kafruni