Economia

Entenda o caso do Safra e dos Gobbo

Quase doze anos de briga separam os negócios da família de lojistas, os questionamentos nos tribunais e perseguição que virou caso de polícia

Eduardo Militão
postado em 01/03/2015 08:02

Em ofício à Polícia, banco admite que contratou investigador que depois seria preso em flagrante com armas

2003. As lojas Bootco fecham contrato para crédito-fumaça com o Banco Safra. A maioria dos papéis que antecipam as vendas é assinada e entregue em branco à agência. Juros combinados entre 2% e 2,5% ao mês

2005.
Desconfiada dos valores pagos a título de juros, a família Gobbo pede ao banco cópia dos contratos. As taxas estavam acima de 4%, por vezes em mais de 5%, segundo os lojistas. Em vez de obter os papéis, a família perde o crédito

2006.
Endividada, os Gobbo rompem com o Safra e ingressam com 11 ações judiciais para questionar as dívidas e obter cópias dos contratos preenchidos. O banco também vai à Justiça contra os lojistas em outras 7 ações

[SAIBAMAIS]2007. A 3; Vara Cível de Campinas ordena que o banco exiba os contratos

Setembro de 2008. A ex-gerente do Safra Denise Artem declara em cartório, e depois à 13; DP de Campinas, que, após a determinação judicial, em fevereiro daquele ano, o banco simulou o preenchimento dos contratos com caneta porosa para enganar a Justiça. A fraude foi feita em relação aos Gobbo e a um posto de gasolina e uma loja de perfumes, que também possuíam contratos em branco. Os valores anotados eram ;o dobro; daqueles antes combinados com os clientes

Dezembro de 2008. Na defesa apresentada à 3; Vara Cível de Campinas, a advogada do Safra Claudina Maria Guh confirma os contratos em branco. ;Nestes dias de pós-modernidade, (;) as condições contratadas permanecem num espaço cibernético ou virtual;

Dezembro de 2008. Claudina Guh desqualifica as acusações de Denise, chamando-a de ;inimiga; e autora de depoimento ;inescrupuloso;. Diz que, se Denise sabia do problema, foi ;conivente; com a fraude

Abril de 2011.
A perita judicial Marlene Braz Nogueira afirma à Justiça que os Gobbo não são devedores, mas credores do Safra

Maio de 2011. O contador João Peres Peres, do Safra, rebate a perícia e diz à Justiça que o ;o banco cobrou taxas de mercado;

Junho de 2011. Os Gobbo passam a publicar no blog ;Safraude; documentos e laudos favoráveis a eles, acusando o banco de cometer fraudes. Eles também passam a procurar a imprensa

Maio de 2012. O ex-chefe do Departamento Administrativo da Safra Crédito Imobiliário Renê Roldan afirma em entrevista que o caso dos Gobbo não é o único. Ele diz que entre 1976 e 1986, as prestações em atraso da casa própria eram cobradas em 10%, e não em 1% como previa a lei

Junho de 2012.
O chefe da assessoria parlamentar do Banco Central, Davi Falcão, Banco Central, diz a comissão da Câmara dos Deputados que houve ;indícios de descumprimento; de normais da instituição porque o Safra fez ;contratação sem registro em contrato de informações obrigatórias, admitida neste caso pelo banco;. Mas o BC não pune o Safra por se tratar de ;caso isolado;

Setembro de 2012. Deputado Chico Lopes (PCdoB-CE) promete investigar omissão do Banco Central

Novembro de 2012.
O Safra contrata escritório de segurança para descobrir quem distribui ;panfletos difamatórios; noticiando o blog dos Gobbo. Armado, um detetive particular persegue um funcionário da Bootco e é preso em flagrante pela polícia

Novembro de 2012. Preso, Fiúza disse trabalhar para o banco Safra. Em outro depoimento, disse que as algemas eram usadas por ele porque ele tinha ;fetiche sexual;

Dezembro de 2012.
Safra entra com queixa-crime por difamação contra os Gobbo por causa do blog e diz que contratou ;investigação particular;
Junho de 2013. Primeiras sentenças dão ganho de causa à família Gobbo

Outubro de 2013. Juiz de Campinas Sérgio Araújo Gomes rejeita queixa-crime movida pelo Safra

Dezembro de 2014. O Ministério Público denuncia superintendente do Banco Safra por coação, e a Justiça abre processo criminal contra ele e os detetives

Executivo do Safra vira réu por coação

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