Jacqueline Saraiva, Rodolfo Costa
postado em 02/03/2015 10:58
Depois de programar um grande buzinaço na Praça dos Três Poderes, em Brasília, as dezenas de caminhoneiros que seguiam em direção ao Plano Piloto pela BR-060 teriam sido impedidas de prosseguir com o protesto pacífico após a montagem de um forte esquema de segurança da Polícia Militar de Goiás e do DF, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Força Nacional ; que contesta a informação oficialmente. "Não há nenhum tipo de orientação para que a Força Nacional pare caminhoneiros ou impeça o livre trânsito por vias públicas. As equipes da Força atuam no apoio à PRF onde for solicitada para impedir bloqueios e cumprir recentes decisões judiciais sobre a paralisação de caminhoneiros", informou, por meio de nota, a Força Nacional.
Uma conta do Twitter atribuída ao Comando Nacional do Transporte, postou uma foto de caminhoneiros que estariam no entorno do DF, a 20 kms da capital, reunidos em um posto de combustível.
[SAIBAMAIS]Entre os poucos motoristas que ficaram no local, contudo, o caminhoneiro Tiago Aragão, 32 anos, conta que às 4h de hoje, ele deu ignição no caminhão e iniciou o buzinaço no local. No entanto, sem adesão de outros trabalhadores, ele abandonou a ideia de ir à Esplanada. O homem também afirmou ter sofrido represálias de policiais. ;Chegaram a dizer que se eu não parasse de buzinar, quebrariam meu veículo. Se dependesse de mim, eu já estava lá;, lamentou.
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De acordo com informações de agentes da PRF no posto localizado na rodovia, parte do grupo tentaria furar o esquema de segurança no km 30 da BR-060, acessando a DF-290, na altura do Engenho das Lajes. Em nota, no entanto, a PRF, por meio da assessoria, afirmou que não houve impedimento de caminhoneiros e que as equipes apenas acompanharam desde cedo o movimento, por conta dos rumores do protesto.
O movimento nacional dos caminhoneiros contava com a liderança do motorista catarinense Ivar Luiz Schmidt, 44 anos, que não foi mais encontrado depois de publicar um vídeo nas redes sociais conclamando a categoria a realizar o ato durante todo o dia ;contra a indiferença e a corrupção do governo;. Segundo colegas, ele teria abandonado o local de concentração dos caminhoneiros ; um posto de combustíveis próximo a Luziânia.
Um helicóptero da Polícia Civil sobrevoa o local e várias viaturas da Polícia Militar fazem rondas desde a madrugada na região. Os caminhoneiros veem a situação como uma forma de coação e, por isso, decidiram não continuar com o protesto.
Revolta
Para conseguir atingir a meta no 13; dia do movimento, o próprio Schmidt percorreu vários trechos de rodovias goianas, para convencer motoristas a aderir e a chamar outros. Ele argumentou que as bandeiras do movimento, como redução do preço do diesel, melhora dos valores dos fretes e aprovação imediata da chamada Lei dos Caminhoneiros, que regula as condições de trabalho da classe, não foram atendidas. A palavra mais usada por eles é ;revolta;, negando o acordo brandido pelo governo nos últimos dias. ;Estamos pagando para trabalhar; foi frase recorrente.
Procurada pela reportagem, a Polícia Militar ainda não se pronunciou sobre o assunto.