Economia

Para Azevêdo, Doha é difícil, mas não impossível

Embaixador brasileiro demonstra otimismo para avanços nas negociações multilaterais

Rosana Hessel
postado em 03/03/2015 15:13
O embaixador Roberto Azevedo, diretor geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), demonstrou otimismo em relação aos avanços da Rodada Doha, de negociações para a liberalização do comércio global, iniciada em 2001 na capital do Catar e travada desde 2008. ;Eu sou um realista. Pela experiência, eu já vi acontecendo e que passamos por momentos difíceis. Em 2009 ou 2010, eu teria dito sem hesitar que não haveria chances (de concluir Doha). Hoje eu diria que é muito difícil, mas eu acho que é possível. Não vejo nenhum motivo para imaginar que o que está acontecendo em Genebra não possa levar à conclusão;, afirmou após entrevista coletiva no Palácio do Itamaraty, nesta terça-feira (03/03), ao lado dos ministros Mauro Vieira (das Relações Exteriores) e Armando Monteiro (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).

Azevêdo não deu prazos e apenas sinalizou que há membros que esperam que é possível encerrar Doha este ano. ;Alguns acham apertado finalizar Doha. Mas claramente não estamos falando de muitos anos. estamos falando de uma coisa muito breve, muito curta;, afirmou ele acrescentando que a China é um dos países mais interessados em concluir a Rodada. ;É um dos atores centrais. Tem atuado como todos, mas é um país que tem participado de forma muito intensa nas negociações;, destacou.

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O embaixador destacou que seu empenho é viabilizar as negociações de comércio. ;Já fizemos isso em Bali e estamos tentando fazer com Doha e achamos é possível. É difícil, mas é possível;, emendou. No entanto, em relação ao acordo de facilitação de comércio, firmado na conferência que resultado no Pacote de Bali, em dezembro de 2013 e que pode ajudar a se avançar na Rodada Doha, apenas três membros (Estados Unidos, Cingapura e Hong Kong) assinaram. Para que esse acordo entre em vigor, é preciso que dois terços dos 160 integrantes da OMC, ou seja, 106 países aprovem a medida. ;Nossa expectativa é avançar os mais rápido possível para ver se conseguiremos atingir esses dois terços, mas é um processo;, disse ele em referência à reunião ministerial na capital do Quênia, em dezembro deste ano.

Agenda estratégica

O diretor-geral da OMC passou por Chile e Paraguai antes de chegar ao Brasil e daqui vai para a Alemanha antes de voltar para Genebra, na Suíça, onde está baseado no comando da OMC. O embaixador brasileiro teve reuniões com autoridades do governo brasileiro e com e representantes do setor privado em São Paulo e em Brasília. Ele contou que os empresários afirmaram que estão atentos ao esforço fiscal que o governo vem tentando fazer assim como estão preocupados com o câmbio e os preços do petróleo. ;Foi uma conversa muito estratégica;, afirmou.
Na avaliação de Azevêdo destacou que, em julho, é possível a apresentação dos textos signatários dos países membros da OMC para o acordo comercial em Genebra com suas respectivas propostas para os setores agrícola, industrial e de serviços para dar continuidade das negociações de Doha.

Painel contra o Brasil

Azevêdo evitou dar um parecer o questionamento da União Europeia na OMC sobre os incentivos dados pelo governo brasileiro às montadoras no programa Inovar Auto. Segundo ele, as partes estão na fase de ;composição do painel; e esse processo, se o demandante preferir, o diretor da OMC poderá definir os integrantes do painel. ;Assim que o assunto vir à minha mesa, terei 10 dias para anunciar às partes;, disse ele acrescentando que não existe um prazo limite para que ocorra essa definição.
De acordo com os ministros Armando Monteiro e Mauro Vieira, o Brasil está no processo licitatório para a contratação do escritório de advocacia internacional para a elaboração da defesa ;em conjunto com o governo brasileiro e com o setor privado;.

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