Economia

Japão deixa lentamente a recessão e cresce pelo quarto semestre seguido

Desde 2011, ano que o país teve terremoto, tsunami e acidente nuclear, a economia japonesa está em "período sombrio", como chamou primeiro-ministro

Agência France-Presse
postado em 09/03/2015 17:33

O Japão voltou a crescer no quarto trimestre embora de forma mais tímida do que o anunciado em meados de fevereiro, segundo as estatísticas, que soam como um alerta para o governo e para o Banco de Japão (BoJ), engajados na difícil estratégia de reativação econômica. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,4% no último trimestre, anunciou nesta segunda-feira (9/3) o governo, que revisou a queda da estimativa anterior, de 0,6%.

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Embora a terceira potência econômica mundial tenha saído da recessão, a recuperação é discreta e no ano passado o crescimento do PIB foi nulo, com tendência negativa.

É a primeira vez desde a tripla catástrofe de março de 2011 (terremoto, tsunami e acidente nuclear) que o Japão registra resultados anuais tão fracos. Naquele ano, o PIB recuou 0,5%, antes de se recuperar nos anos seguintes (%2b1,8% em 2012, %2b1,6% em 2013).

Mas a recuperação foi frustrada pelo impacto do aumento do IVA, que em abril de 2014 passou de 5% para 8%. Essa medida provocou um estagnação do consumo e da economia em geral durante dois trimestres consecutivos.

Abe imperturbável

O consumo privado começou a se recuperar nos últimos meses do ano passado (%2b0,5% segundo dados revisados, superior ao que se esperava a meados de fevereiro). O gasto público assim como as exportações contribuíram positivamente com o PIB. Já as importações sofreram contração, assim como os estoques das empresas. Essas estatísticas indicam uma situação bastante preocupante um ano após o aumento do IVA.

O primeiro-ministro Shinzo Abe, que retornou ao poder no final de 2012, prometeu devolver ao Japão a forte economia do passado com uma ambiciosa política econômica batizada de "abenomics".

Embora o ceticismo sobre a eficiência tome conta do país, Abe disse no domingo na convenção anual de seu Partido Liberal Democrata (PLD, direita), que está convencido de que sua estratégia produzirá os resultados esperados.

Abe prometeu prosseguir com as reformas para confirmar o impulso e tirar o país de "um período sombrio".


Um gesto de BoJ a partir de abril?

O banco central defendeu sua política nesta segunda-feira. Em um discurso aos empresários em Ehime (oeste do Japão), Hiroshi Nakaso, adjunto do presidente do Boj Harukiho Kuroda, tentou "acabar com as dúvidas".

"O Japão ainda não superou a deflação, mas o generoso programa de compra de ativos iniciado em abril de 2013 produz seus frutos", disse.

Nakaso mencionou o impacto positivo da desvalorização do iene ;consequência indireta da política monetária; para as exportações, que se recuperaram graças à competitividade crescente das empresas japonesas.

O déficit comercial caiu consideravelmente em janeiro, permitindo ao Japão um pequeno excedente na balança, algo raro no início do ano.

A conta corrente, considerada um bom reflexo da situação de uma economia em relação o resto do mundo, também se beneficiou da queda dos preços do petróleo desde junho do ano passado.

"A queda do preço do petróleo, que contribuiu com a redução da inflação no mesmo nível de maio de 2013, será positiva para a economia no longo prazo", disse Nakaso.

Segundo seus cálculos, este fenômeno reduz a conta energética em mais de 7 trilhões de ienes (53,4 bilhões de euros) para um Japão de escassos recursos naturais.

Apesar de tudo, muitos economistas continuam convencidos de que o BoJ não poderá ficar de braços cruzados se, como é o mais provável, o índice de preços voltar a cair, passando ao campo negativo.

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