A presidente Dilma Rousseff vive uma crise de credibilidade sem precedentes. Desde que assumiu o governo, em 2011, não consegue fazer o país crescer a uma taxa média superior a 2% ao ano. Por uma simples razão: os investimentos produtivos despencaram. Em vez de abrirem fábricas ou ampliarem as unidades já em funcionamento, os empresários preferiram engavetar os projetos. Ficaram sem parâmetros para medir os custos dos negócios, a começar pela energia elétrica. Numa jogada política, a chefe do Executivo decidiu mudar contratos prometendo reduzir a conta de luz em 20%, na média. Menos de um ano depois, constatou-se que a fatura sairia bem mais cara. Hoje, quando olha para a frente, nenhuma empresa sabe ao certo quanto a eletricidade pesará nas suas planilhas.
O saldo prático da desastrosa intervenção do governo foi a queda na taxa de investimentos em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), a chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Pelas estimativas da Tendências Consultoria, o indicador fechará este ano em apenas 15,7% e deve cair para 15,6% em 2016. ;Houve um enorme retrocesso no país. Voltamos aos níveis de 2003 (15,7%);, destaca a economista da instituição Alessandra Ribeiro. Pelos cálculos dela, esse importante termômetro da capacidade de crescer ficou em 16,7%, bem abaixo do registrado na maioria dos países emergentes.
O que mais assusta os especialistas é que, quando se olha para a frente, não há perspectiva de reversão desse quadro tão cedo. No início do ano, com a posse de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, até de se respirou ares de confiança no país. Mas a lua de mel com o governo durou pouco. Os empresários perceberam o quanto seria difícil para o novo chefe da equipe econômica convencer o principal partido da base aliada, o PT, a apoiar o ajuste fiscal tão necessário para o resgate da credibilidade. A situação se tornou mais complicada por causa da rebelião do PMDB. Na última quarta-feira, por causa de uma manobra do partido no Congresso, Levy ameaçou pedir demissão.
Modelo inviável
O discurso de Dilma é o de que, apesar dos atropelos atuais, uma nova era começou no país, a da responsabilidade fiscal. Portanto, os empresários não devem se deixar pautar pelo pessimismo. Precisam, sim, despertar o espírito animal para alavancar o crescimento econômico. Por enquanto, tais palavras não fizeram efeito. A presidente é vista como intervencionista demais, de pouco diálogo e afeita à inflação mais alta, que desestrutura a economia. Ainda precisa dar muitas provas de que mudou de verdade para receber o apoio de que necessita.
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