Washington - Os Estados Unidos confirmaram nesta sexta-feira (27/3) uma pequena desaceleração em seu crescimento econômico no final de 2014, apesar de um consumo pujante.
O Produto Interno Bruto (PIB) americano avançou 2,2% entre outubro e dezembro passados, em projeção anual e em dados corrigidos, menos do que os analistas esperavam (%2b2,4%). Em 2013 o crescimento foi de 2,2%.
A maior economia do mundo confirma uma discreta desaceleração de seu crescimento após a expressiva expansão do terceiro trimestre (%2b5,0%), segundo o Departamento de Comércio.
Esta desaceleração nos últimos três meses de 2014 se deve ao déficit comercial e, especificamente, a um aumento das importações de 10,1%.
O forte retrocesso dos gastos do Estado federal (-7,3%) e uma redução dos investimentos das corporações também pesaram na balança.
Esse cenário desfavorável, entretanto, não impediu que o consumo continuasse desempenhando plenamente seu papel de motor do crescimento norte-americano. A queda dos preços de energia tem contribuído significativamente para o aumento do poder aquisitivo.
Os gastos do consumidor, que representam mais de dois terços do PIB, aumentaram 4,4% no quarto trimestre - o maior crescimento em nove anos, que se apoiou em bens duráveis e serviços.
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Como resultado, a contribuição do consumo para o PIB foi a mais alta desde o primeiro trimestre de 2006, indicou o Departamento.
Já a apreciação do dólar, sobretudo em comparação com o euro, não abalou a competitividade dos produtos americanos ni exterior. Nos últimos três meses de 2014, as exportações mantiveram o mesmo ritmo sólido de expansão (4,5%).
"Ventos desfavoráveis"
Mas essa conjuntura favorável pode mudar. Em meados de março a presidente do Federal Reserve (Fed), Janet Yellen, afirmou que a valorização do dólar, principalmente em relação ao euro, será um "peso" para o crescimento americano neste ano.
"O impacto do fortalecimento do dólar pode ser fundamental para que o PIB alcance um nível de crescimento anual de 3%", lamentou Jay Morelock, analista da FTN Financial.
Já o efeito positivo criado pela queda mundial da cotação do petróleo pode chegar ao fim. "Com a recuperação (em fevereiro) dos preços dos combustíveis, já recebemos os principais efeitos diretos", avaliou Katherine Smith, analista do IHS Global Insight.
Este não é o único fator que ameaça a economia americana. O frio afetou novamente a indústria na costa leste do país, embora nenhum especialista preveja uma contração comparável a do inverno (americano) de 2014 (-2,1% no primeiro trimestre).
O resultado será conhecido no mês que vem, mas os últimos indicadores não apontam para um grande otimismo.
"O crescimento econômico caiu um pouco nas últimas semanas", alertou o Fed em 18 de março.
A desaceleração econômica na zona do euro e os temores pela situação geopolítica na Ucrânia e no Oriente Médio tampouco favoreceriam o crescimento americano.
"Embora dinâmica, a economia enfrenta ventos desfavoráveis de crescimento fraco no exterior e os persistentes efeitos do inverno rigoroso nos Estados Unidos", admitiu na sexta-feira o chefe de conselheiros econômicos de Barack Obama, Jason Furman, em um comunicado.
É possível, entretanto, que haja uma mudança na política monetária do Fed. O Banco Central americano pode começar a elevar nos próximos meses suas taxas básicas, que estão perto de zero desde o final de 2008, o que constituiria uma onda expansiva cujas repercussões sobre a economia dos EUA e mundial é difícil de avaliar agora.