Jornal Correio Braziliense

Economia

Em 2015, dizem economistas, situação da economia vai se agravar ainda mais

País fica estagnado em 2014 e economistas veem 2015 muito pior. Para o IBGE, suspensão de obras da Petrobras por causa da corrupção tende a aprofundar a recessão. Projeções apontam para encolhimento de até 2% do Produto Interno Bruto



Que venha 2016
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reconheceu o baque na economia. Mas, para ele, o que houve foi uma ;pausa no crescimento;. O chefe da autoridade, que vem conduzindo forte aumento de juros, depois de ceder ao caprichos de Dilma e levar a taxa básica ao menor nível da história, 7,25%, mesmo com a inflação em alta, garantiu que o quadro dramático da economia será revertido. ;Os ajustes macroeconômicos em curso tendem a construir bases mais sólidas para a retomada da confiança e do crescimento;, apostou.

Com 2015 praticamente perdido, a perspectiva de melhora em 2016 é desafiada por economistas. ;Não há garantias de que o ajuste fiscal, que está sendo apontado como a salvação do país, promova a volta do crescimento;, afirmou Belluzzo. Na avaliação dele, a situação atual é consequência de desbalanço na relação do Brasil com outros países e da perda de competitividade da indústria, ambos resultantes da sobrevalorização do real em relação ao dólar durante um período muito longo. Segundo o economista, o quadro inverso, de forte desvalorização do real, que tem ocorrido nos últimos meses, não resolve os problemas. ;Isso tem o lado bom de impedir a concorrência predatória promovida por alguns países, mas resulta em maiores custos para a indústria, que agora tem muitos insumos importados, e eleva as dívidas do setor.;

Para este ano, analistas são unânimes em apontar queda significativa do PIB. O Banco Central estima redução de 0,5%, mas o mercado vê recuo de pelo menos 1%. ;Esperamos deterioração maior da economia, devido ao aperto na política monetária e na política fiscal, à alta da inflação e à queda na confiança de empresários e consumidores;, apontou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho. Na opinião dele, os detalhes do PIB são mais reveladores do que o resultado consolidado. ;Apesar de o crescimento ter vindo ligeiramente melhor do que o esperado, os números mostram um quadro negativo da economia, com queda nos investimentos e no consumo;, assinalou.

Lava-Jato
Os resultados do quarto trimestre do ano passado são o retrato claro de que 2015 começou no atoleiro. Quase todos os itens ficaram abaixo do resultado geral, demonstrando que a economia pisou fortemente no freio depois das eleições. O PIB caiu 0,2% frente aos três últimos meses de 2013. O tombo da indústria foi de 1,2% e o dos investimentos, de 5,8%. O consumo do governo também teve queda, de 0,2%. A alta nos serviços limitou-se a 0,4%. Apenas dois itens vieram com desempenho melhor: a agropecuária (1,2%) e o consumo das famílias (1,3%).

;É importante ter esperança de que as coisas melhorem. Mas não é mais do que isto: uma esperança;, disse João Saboia, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Para ele, antes de mais nada, será preciso promover a retomada da confiança de empresários e consumidores. ;O problema é que o quadro tende a piorar com a queda no emprego e na renda. Tem ainda as consequências da Operação Lava-Jato, que provocou a paralisação de várias obras da Petrobras;, destacou. A coordenadora da contas nacionais do IBGE, Rebeca Palis, confirmou esse ponto como um dos grandes riscos para o já combalido PIB de 2015. ;A operação Lava-Jato foi deflagrada só no fim de 2014. Portanto, as consequências na economia vão aparecer no resultado deste ano;, afirmou.