Economia

Ministro da Fazenda adia para amanhã anúncio do resultado fiscal

Levy prometeu anteriormente um superávit de 1,2% do PIB

Rosana Hessel
postado em 30/03/2015 15:04

Sob pressão, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, adia anúncio do desempenho fiscal de fevereiro. A entrevista coletiva, que estava prevista para hoje às 15h, foi suspensa a apenas 10 minutos antes da divulgação do relatório do Resultado Primário do Governo Central (que reúne Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central), previsto para às 14h30. A apresentação dos dados pelo secretário do Tesouro, Marcelo Saintive, ficou agendada para amanhã (31/3) de manhã, no mesmo dia em que Levy participará de uma audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, onde tentará negociar com os parlamentares apoio para as medidas de ajuste fiscal.

Em janeiro, o governo central registrou um superavit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida pública) de R$ 10,4 bilhões, abaixo dos R$ 13 bilhões registrados no mesmo período de 2014, ano em que o rombo das contas do setor público (incluindo estados e municípios e estatais) foi de R$ 32,5 bilhões. Para este ano, Levy prometeu entregar um superavit de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), ou R$ 66,3 bilhões.

Em evento em São Paulo hoje, o ministro comentou o resultado do PIB de 2014, divulgado na sexta-feira (27/03) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano passado a economia avançou 0,1%, o pior resultado desde 2009, ano do furacão da crise financeira global, quando o país registrou uma retração de 0,2%. ;Foi uma boa surpresa. Veio um pouco maior do que nós pensávamos;, afirmou Levy, que às 17h desta segunda-feira tem um novo encontro com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

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O chefe da equipe econômica de Dilma tem feito pessoalmente as negociações com o maior partido da base aliada para conseguir aprovar as medidas de ajuste fiscal enviadas ao Congresso Nacional. Levy assumiu a posição de bombeiro para a crise política com a base aliada e conversa quase que diariamente com os parlamentares do PMDB. A falta de traquejo da presidente e de seus ministros mais próximos tem atrapalhado o andamento dos projetos pelo legislativo e pode comprometer o cumprimento da meta fiscal deste ano.

Levy, por sua vez, vem tendo problemas de comunicação bastante sérios. Toda vez que comenta alguma coisa da política econômica do governo anterior, ele acaba sendo repreendido pela presidente em público, o que vem causando uma tremenda saia justa no governo e uma forte volatilidade nos mercados. A última ocorreu terça-feira (24/03), durante palestra aos alunos da Universidade de Chicago, dos Estados Unidos, ao afirmar que Dilma nem sempre faz as coisas da ;maneira mais fácil; e ;efetiva;. Para tentar demonstrar que o clima entre os dois não está ruim, a presidente, hoje no Pará, afirmou que o ministro ;foi mal interpretado; em suas declarações.

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