postado em 01/04/2015 07:53
Os três empréstimos feitos às distribuidoras, que somam R$ 21,2 bilhões, vão custar aos consumidores mais de R$ 34 bilhões por conta dos juros cobrados pelos bancos. O impacto na tarifa, apenas do pagamento do financiamento, será de reajuste médio de 8% por ano, totalizando um efeito de até 55% de aumento médio nas contas de luz dos brasileiros.Os empréstimos são relativos à forma que o governo federal encontrou para socorrer as distribuidoras sem fazer aportes do Tesouro Nacional. As concessionárias ficaram descontratadas ; sem ter como comprar energia suficiente nos leilões ; e precisaram recorrer ao mercado de curto prazo, pagando a energia mais cara do mercado, a das termelétricas. Para cobrir o rombo, o governo criou a conta ACR, administrada pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, e conseguiu três empréstimos em vários bancos. O primeiro, de R$ 11,2 bilhões; o segundo, de R$ 6,6 bilhões; e o último, concretizado este mês, de R$ 3,4 bilhões.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou ontem que, ao valor total, de R$ 21,2 bilhões, serão acrescidos R$ 12,8 bilhões, ou 37,7%, de juros. No total, as distribuidoras vão arrecadar dos consumidores R$ 37,4 bilhões durante os 4,5 anos em que o empréstimo será amortizado, sendo que serão pagos R$ 34 bilhões aos bancos. A diferença, de R$ 3,4 bilhões, é uma reserva de recursos, equivalente a 10%, e que precisa ficar na conta como garantia. Segundo a Aneel, esse valor será devolvido aos consumidores ao fim da operação.
Efeitos
Para o gerente de regulação da Safira Energia, Fábio Cuberos, todos os efeitos sobre o setor elétrico vão representar até 55% de aumento nas tarifas este ano. ;Só os empréstimos teriam um impacto de 30%, se fossem pagos de uma vez. Como o pagamento será diluído em 54 vezes, vai representar até 8% de aumento. Contudo, é preciso somar aí, as revisões ordinárias, a inflação, e as bandeiras tarifárias;, enumerou.
Não à toa, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) revisou sua estimativa de consumo no Brasil, de 3,2% para 0,5% este ano. Além de incorporar a redução na perspectiva de crescimento da economia, a nova estimativa leva em conta o aumento nos preços da energia elétrica. (SK)