Paulo Silva Pinto
postado em 06/04/2015 10:32
Diamantes dão brilho ao roteiro de um filme ou de uma telenovela. E também podem se destacar nos relatos da formação de um país. Quando se descobriram os primeiros exemplares desse mineral na região onde hoje fica Diamantina (MG), em 1725, só se tinha visto algo semelhante extraído de minas da Índia. As pedras foram levadas por um padre para a corte portuguesa, que tratou de regulamentar e incentivar as lavras no Brasil. ;A história dos diamantes se confunde com a do país;, resume Francisco Valdir Silveira, chefe do Departamento de Recursos Minerais da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).Surgiram garimpos nas Gerais, na Chapada Diamantina da Bahia, e em muitos outros lugares. O Brasil foi, durante muito tempo, o maior produtor mundial. Até que se descobriu o minério na África. Primeiro no leito dos rios, como aqui, depois, no início do século 20, em depósitos primários subterrâneos. Diamante deixou de ser apenas algo que se consegue peneirando cascalho. E o peso do país foi encolhendo. De acordo com os dados mais recentes, respondemos por apenas 0,04% da produção global, apesar de termos a sexta maior indústria de mineração do mundo quando se levam em conta o ferro, a bauxita e outros itens.
;Para um geólogo da área, o Brasil é o país mais frustrante do mundo;, diz Mark Van Bockstael, chefe de inteligência de mercado da Antwerp World Diamond Center (AWDC), uma fundação na cidade belga que concentra 50% do mercado de diamantes brutos do mundo e 84% dos lapidados. O potencial ainda inexplorado no país é imenso. Segundo a CPRM, há 1.325 depósitos de kimberlitos, ou minerais associados, onde podem ser descobertos os depósitos primários de diamantes ; de onde são levados para os rios pela erosão. ;Desses, provavelmente 20 são economicamente viáveis;, afirma Silveira.
Reservas
Fábio Borges, diretor financeiro da Lipari, aposta que a exploração de diamantes subterrâneos no Brasil pode crescer muito. ;O Canadá não tinha nenhuma mina no início dos anos 1990. Hoje tem nove. E lá é muito mais difícil de implantá-las, porque as reservas estão em locais remotos, no meio do gelo. A nossa está a 10km de uma rodovia federal;, compara. Em sete anos, a Braúna poderá atingir a produção de 360 mil quilates, 7,5 vezes a produção total do país no ano passado.
Para o diretor de Fiscalização do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Walter Arcoverde, o dólar alto poderá impulsionar investimentos em lavras subterrâneas. ;A valorização do real faz diminuir o garimpo. O contrário também é verdadeiro;, analisa. Ele atribui a demora para a consolidação de novos projetos à crise de 2008. Os preços caíram e empresas estrangeiras que tinham planos de iniciar a exploração na Chapada dos Guimarães (MT) e no Vale do Jequitinhonha (MG) viram as ações despencar, perdendo a capacidade de consolidar os planos no país.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.