Rosana Hessel
postado em 07/04/2015 11:24
Enquanto o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tomava café da manhã com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na casa oficial do terceiro na linha sucessória da Presidência da República, uma manifestação bem humorada era instalada na porta de entrada do ministro, em seu gabinete no prédio P da Esplanada dos Ministérios.Ativistas do Greenpeace colocaram uma pessoa fantasiada de sol enjaulada bem na entrada do carro do ministro e uma faixa com os dizeres ;Levy, deixa o Sol brilhar no futuro do Brasil;. O objetivo foi chamar a atenção para a energia solar durante a próxima reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), órgão composto pelos secretários da Fazenda das 27 unidades da federação e presidido pelo ministro da Fazenda do governo, que ocorre em Goiânia, na sexta-feira (10/04).
;Estamos pedindo para o ministro Levy dar uma manifestação favorável à concessão de incentivos para a energia solar durante a próxima reunião do Confaz. Hoje, o principal entrave para o desenvolvimento da energia solar no Brasil é o preço, mas ele é causado sobretudo por um imposto que é o ICMS, que é estadual. O ICMS faz com que a energia solar seja 20% mais cara do que ela deveria ser;, explicou Barbara Rubim, coordenadora da campanha de clima e energia do Greenpeace. ;Por isso estamos aqui hoje, pedindo para o ministro mostrar para todos os estados e para a sociedade civil que o governo federal, em um contexto de crise como a gente vive, está disposto a seguir outros caminhos e a incentivar a geração de eletricidade a partir do sol e assim incentivar para que o brasileiro pague menos por sua energia;, emendou.
De acordo com Barbara, no ano passado, o preço do Megawatt/hora (MW/h) da energia térmica que vem sendo contratada pelas distribuidoras no mercado à vista chegou a ser contratada por R$ 815. ;No fim do ano passado, em outubro, no primeiro leilão exclusivo para energia solar, a fonte foi contratada por R$ 215 (MW/h), ou seja, quatro vezes menos;, destacou.
A coordenadora do Greenpeace informou que a entidade tem uma série de demandas para Levy, além do incentivo do ICMS, como a redução do imposto de importação e do Imposto sobre Produto Industrializado para as células fotovoltaicas, que transformam a energia solar em elétrica. ;Quer dizer que tem desconto de IPI para compra de carro que polui, que agrava o aquecimento global e gera uma série de consequências para as cidades, e não tem incentivo para um sistema de fotovoltaico? Isso é um absurdo.;, criticou Barbara destacando que o foco da manifestação de hoje é a reunião de Goiânia. ;O Confaz se reúne a cada três meses. Será que vamos ter que esperar mais três meses para o país decidir gerar uma eletricidade mais barata e menos poluente?;, questionou.
O ministro Levy chegou ao ministério por volta das 11h, pela garagem e, assim, evitar o encontro com o pessoal do Greenpeace que, iniciou o protesto às 9h e desmontou a faixa e a jaula às 11h10.