Economia

Países emergentes continuam perdendo o fôlego em 2015, aponta o FMI

A queda dos preços de outras matérias-primas afeta particularmente aos países da América Latina, o grupo mais frágil entre os países emergentes

Agência France-Presse
postado em 14/04/2015 19:15

Os países emergentes continuam a perder o fôlego em 2015, pelo quinto ano consecutivo, devido aos sobressaltos nos mercados de câmbio e de petróleo e à desaceleração econômica da China, indicou nesta terça-feira (14/4) o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Em seu informe semestral, o FMI prevê para o conjunto de os países emergentes e em desenvolvimento um aumento de seu Produto Interno Bruto (PIB) de 4,3% em 2015, contra 4,6% em 2014 e 5% em 2013.

Tudo isso acontece "após quatro anos consecutivos de más surpresas para este variado grupo de países", diz o relatório.

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Esta evolução está intimamente ligada à desaceleração mais ou menos controlada da China, que deve registrar um crescimento de 6,8% nesse ano e de 6,3% no ano que vem.

No grupo "BRICS", o clube das grandes economias emergentes, a Índia se distingue por seu dinamismo. O FMI prevê para o país um crescimento de 7,5%, tanto para 2015 como para 2016.

O Fundo prevê uma contração de 1% do PIB de Brasil, antes de uma retomada de mesma proporção no ano que vem. A Rússia deve continuar em terreno negativo, com uma contração do PIB de 3,8% em 2015 e de 1,1% em 2016. A África do Sul crescerá 2% neste ano e 2,1% no ano seguinte.

Fora dos BRICS, a Nigéria consolidará seu papel de novo motor econômico da África com um crescimento previsto de 4,8% em 2015 e de 5% em 2016.

"A desaceleração na China e a consequente queda dos preços das matérias-primas prejudicaram a dinâmica econômica tanto dos países exportadores como dos que têm estreitas relações comerciais com a China", explica o FMI.

O FMI espera que o crescimento do grupo de emergentes melhore em 2016 (%2b4,7%), mas, apesar disso, continua atento aos riscos que os mercados de petróleo e de câmbio representam para essas nações.

"O preço do petróleo, que caiu quase para a metade desde junho passado, colocou em aperto os países produtores, e particularmente aqueles que já enfrentavam dificuldades econômicas", disse o FMI, que citou como exemplos a Rússia e a Venezuela.

América Latina, a mais afetada


A queda dos preços de outras matérias-primas afeta particularmente aos países da América Latina, o grupo mais frágil entre os países emergentes.

Para América Latina e Caribe, o FMI espera somente 0,9% de crescimento em 2015.

A forte valorização do dólar em relação ao euro e a outras grandes divisas internacionais, complica a situação, assim como a perspectiva de um endurecimento da política monetária nos Estados Unidos.

Além das possíveis dificuldades com o financiamento externo, vários países emergentes se endividam em dólares, e consequentemente se veriam afetados caso a moeda americana se valorize ainda mais.

Outro motivo para inquietude é a política monetária dos Estados Unidos, que em breve pode levar a uma elevação das taxas de juros após um longo período de grande flexibilidade monetária.

"As economias emergentes estão particularmente expostas: podem sofrer uma fuga de capitais se os juros de longo prazo subirem nos Estados Unidos, assim como aconteceu em maio e junho de 2013", indicam os economistas do FMI.

Dessa vez, o risco é ainda maior, já que os países produtores de petróleo estão muito mais fragilizados do que antes.

"Chegou a hora de os países emergentes implementarem reformas estruturais, para aumentar seu crescimento e sua produtividade de forma duradoura", considera o FMI.

O organismo destaca três grandes âmbitos de reformas: melhorar as infraestruturas, especialmente para garantir um melhor acesso à energia; suspender barreiras comerciais, aos investimentos e aos negócios; e, finalmente, reformar os sistemas educativos, os mercados de trabalho e os dos bens e serviços.

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