O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em vez de explicar as chamadas pedaladas fiscais realizadas em 2014 junto aos bancos públicos e que estão sendo alvo de investigação do Tribunal de Contas da União (TCU), partiu para o ataque da oposição tentando justificar que a medida vinha ocorrendo desde o governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC).
Em um notável incômodo com a investigação e com as informações de que partidos da oposição contrataram um estudo para avaliar a possibilidade de abertura de um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff com o processo das pedaladas, Cardozo partiu para a jugular. ;Uma situação que ocorre desde 2001 e que o Tribunal ainda vai apurar é levado para alguns que há provas de uma possibilidade de impeachment. Isso chega a ser patético e desespero para tentar encontrar o fato;, vociferou.
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Luís Inácio Adams, titular da Advocacia Feral da União (AGU), também partiu para o ataque. Ele informou que a operação era uma ;sistemática; dos governos anteriores e do atual, mas se, ao final do processo, o TCU achar que é necessário corrigir o rumo, ele será corrigido. A defesa será fundamentada no argumento de que não houve uma operação de crédito nos repasses atrasados entre o Tesouro Nacional e os Bancos Públicos. ;Não se queira compreender que uma sistemática que dura há 14 anos, com períodos eventuais negativos, ilegal apenas em 2014. Isso se torna sim um verdadeiro absurdo;, disse. Adams acrescentou que a AGU e o MJ vão entrar com essa representação junto ao TCU para que as contas da Caixa Econômica Federal de 2001 e 2002 também sejam analisadas a fim de verificar se elas também eram irregulares naquele momento. ;Não entendemos que é irregular. É um ganho para o setor financeiro, que teve saldo líquido positivo;, emendou.
Cardozo afirmou que o TCU, considerando que vai refletir essa argumentação em avaliações futuras. ;Estamos muito tranquilos em relação à questão;, disse. Em consideração à questão política, ele destacou que a presidente Dilma sequer foi citada no processo. ;Essa questão salta aos olhos. Na pior das hipóteses, não houve dolo das pessoas envolvidas;, disse. "É mais uma tentativa atabalhoada daqueles que querem se valer de iniciativas quando perderam", completou.
Na última quarta-feira, o TCU convocou 17 autoridades do governo e do mandato anterior da presidente Dilma para explicar as pedaladas que o Tesouro deu nos bancos públicos, atrasando os repasses para o pagamento de benefícios sociais, como seguro-desemprego, bolsa-família e subsídios do Minha Casa Minha Vida. O relatório do tribunal identifica "crime de responsabilidade fiscal" na operação. Entre as pessoas chamadas pelo Tribunal, estão o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.