Simone Kafruni
postado em 22/04/2015 08:40
O governo depositou na época de chuvas todas as esperanças para descartar a necessidade de um racionamento de energia elétrica, temeroso do ônus político da adoção dessa medida, veementemente descartada durante a campanha eleitoral. Mas abril está quase terminando e com o fim do mês acaba também o chamado período úmido, com os níveis dos principais reservatórios do país ainda críticos. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, responsáveis por mais de 70% da geração de energia hidrelétrica, as barragens estão com menos de 32% da capacidade, volume que será facilmente utilizado durante o período seco, que se estende de maio a outubro.Apesar de o governo apostar todas as fichas em São Pedro, choveu abaixo das médias históricas durante todo o período úmido. Em janeiro e fevereiro, os índices ficaram em 38,04% e 59,08%, respectivamente, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Em março, houve uma ligeira melhora, mas mesmo assim choveu apenas 78,22% da média histórica para o mês. Para alguns especialistas, isso significa que há possibilidade real de as reservas chegarem a novembro com menos de 10% de água, percentual mínimo para garantir a confiabilidade do sistema. Isso empurrou para o fim do ano ou para 2016 o fantasma do racionamento.
Outros analistas do setor elétrico, no entanto, são mais pessimistas e asseguram que o país já está vivendo um racionamento, ainda que velado e homeopático, com a indução à redução do consumo pela fraqueza da atividade econômica ou pelo tarifaço na conta de luz. A inflação da energia bateu 60,4% em 12 meses fechados em março ante um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 8,13% no período, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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