Economia

China acelera plano de firmar acordos e investimentos com o Brasil

A iniciativa incluiu um convênio de 7 bilhões de dólares para financiar projetos da Petrobras, a conclusão da venda de 22 aviões da Embraer dos 60 encomendados e um memorando entre a mineradora brasileira Vale, entre outros

Agência France-Presse
postado em 19/05/2015 20:51
Brasil e China assinaram nesta terça-feira 35 acordos de investimento e cooperação por mais de 53 bilhões de dólares, em um ambicioso Plano de Ação Conjunta que até 2021 injetará recursos na economia brasileira.

A iniciativa incluiu um convênio de 7 bilhões de dólares para financiar projetos da Petrobras, a conclusão da venda de 22 aviões da Embraer dos 60 encomendados e um memorando entre a mineradora brasileira Vale e o banco chinês ICBC para oferecer serviços financeiros de 4 bilhões de dólares, entre outros.

"O Plano de Ação Conjunta 2015-2021, que assinei com o primeiro-ministro, inaugura uma etapa superior em nosso relacionamento", disse a presidente Dilma Rousseff, antes de comunicar que viajará à China em 2016.

Um dos empreendimentos de maior potencial, e também um dos mais espinhosos pelo risco de impacto ambiental, é p que dá início aos estudos sobre a viabilidade da ferrovia transoceânica, que cruzará a Amazônia até o Peru, para exportar bens do país pelo Pacífico.

"China e Brasil estão promovendo a construção de infraestrutura, e a China tem muitas experiências boas e gostaríamos de cooperar com o Brasil para reduzir seus custos", disse o primeiro-ministro chinês durante sua apresentação.

O objetivo desse projeto é de baratear os gastos de transporte das exportações de commodities, como soja e minério de ferro, do Brasil para a China.

Oxigenação

A vinda de Li ao Brasil serviu para reabrir o mercado chinês à carne brasileira, embarreirada há dois anos por questões sanitárias. Foram autorizadas exportações de oito frigoríficos para a China.

Essa renovação dos compromissos estratégicos dos dois países aparece como uma oxigenação para a sufocada economia brasileira, em seu quinto ano de desaceleração.

A viagem de Li, que também incluirá Peru, Colômbia e Chile, marca o pontapé inicial de uma segunda geração de investimentos chineses no Brasil, após uma primeira concentrada nas matérias-primas, com maior foco na indústria pesada e nas obras de infraestrutura.

"Se consideramos o portfólio de investimentos no Brasil, é evidente um processo dessa dimensão (financeira) é justificada. Só o projeto do corredor transoceânico, uma ferrovia para transportar matérias-primas, é de 30 bilhões de dólares", disse à AFP o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro.

Para Monteiro, um forte defensor da ideia de flexibilizar as negociações comerciais para além do Mercosul, o Brasil poderá se transformar em uma plataforma para produzir manufaturados chineses para abastecer o mercado doméstico e exportar para terceiros países.


O grande investidor
O comércio entre China e Brasil se multiplicou por 25 em pouco mais de 10 anos, a 83,3 bilhões em 2013. Desde 2009 a China superou os Estados Unidos e se firmou como principal parceiro comercial do Brasil.

A ideia de potencializar o papel de China como financiador de projetos de grande escala no país foi fortalecida pela proposta de criar dois fundos para o financiamento de infraestrutura, com prioridade nos investimentos em siderurgia e construção civil.

O governo brasileiro estima que a China, hoje 12; investidor no país, pode chegar ao primeiro lugar nesse ranking.

Depois de sua passagem por Brasília, Li visita o Rio de Janeiro a fim de discutir sua participação em algumas iniciativas na cidade.

A China vendeu ao Rio vários trens para uma nova linha de metrô, assim como imensos catamarãs que realizam diariamente o transporte de milhares de passageiros na Baía de Guanabara.

"A China está assumindo o muito necessário papel de investidor na América Latina e no Caribe, e o Brasil precisa desesperadamente de investimentos", disse à AFP Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio Brasil-China.

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