postado em 21/05/2015 17:47
Durante a visita do presidente uruguaio, Tabaré Vazquéz, a Brasília nesta quinta-feira (21/5), a presidente Dilma Rousseff respondeu as crítica de que o Mercosul já não apresenta os mesmos resultados de quando foi criado e afirmou que as transações comerciais entre os países integrantes do bloco aumentaram 11 vezes desde então. "Passamos a quase US$ 55 milhões em 2014. Avançamos também na expansão do grupo, com a inserção da Venezuela, mas não devemos nos acomodar", disse a presidente.
Os dois chefes de estado se mostraram otimistas quanto ao futuro acordo dos países integrantes do Mercosul com a União Europeia. "Pretendemos adaptar o bloco à realidade política e econômica internacional. Uma adaptação das regras do Mercosul, com mais flexibilização, pode abrir caminhos importantes para nossos países e, sobre tudo para os nossos povos", disse o uruguaio.
[SAIBAMAIS]Os países integrantes do bloco sul-americano concordam em buscar uma fórmula que permita acabar com uma das principais limitações do grupo: a impossibilidade de buscar acordos comerciais sem a anuência dos demais sócios. Vázquez considerou necessário outorgar a seus membros "certas flexibilidades para que, aqueles desejam, possam avançar em conjunto com outros parceiros comerciais".
Trata-se de uma mudança fundamental para o Mercosul, defendida por Uruguai e Paraguai e que durante anos se chocou com a reticência de Brasília e com as dificuldades econômicas vividas pela Argentina. O Brasil tradicionalmente se opõe à negociação de acordos comerciais fora do bloco, mas tem mudado sua postura diante da estagnação econômica e da pressão do empresariado. Em abril, o FMI previu que o Brasil terá uma contração do PIB de 1% neste ano.
Velocidades diferentes
Preocupados com a deterioração do comércio regional, Vázquez e Dilma tentam avançar em um acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE). "A negociação conjunta Mercosul-União Europeia é um objetivo prioritário, longamente planejado, mas que hoje está novamente travado", reclamou o presidente uruguaio em seu discurso.
O acordo, estagnado há mais de 10 anos, é visto pelos dois governos como uma primeira alternativa de abertura comercial para o Mercosul. Dilma ressaltou que um acordo com a UE este ano é prioritário e que não é necessário que todos os membros do Mercosul apresentem suas propostas ao mesmo tempo. "As velocidades diferentes estão previstas internamente em todos os acordos. Elas vão ocorrer dentro da UE e dentro do Mercosul. Cada realidade é uma", afirmou a jornalistas.
A postura de abertura do Brasil tem-se acentuado desde que Dilma assumiu seu segundo mandato em janeiro. Com um prognóstico difícil para a economia, avalia-se a possibilidade de fechar tratados de livre-comércio com a China, atualmente seu principal parceiro comercial, que redobrará seus investimentos no Brasil nos próximos anos, e com o México.
"A política comercial precisa ser uma política mais pragmática (...) O Brasil precisa integrar-se às correntes de comércio, sobretudo em regiões que são mais dinâmicas hoje do que o Mercosul", disse nesta semana à AFP o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro.
Com informações da Agência Brasil.