Economia

Corte de compras do governo afeta mercado editorial, constata pesquisa

Setor avalia que há possibilidade de crescimento no médio prazo, com mudanças na economia do país

postado em 03/06/2015 18:41
A diminuição nas compras de livros pelos governos afetou diretamente o mercado editorial do país em 2014. Descontada a inflação, o setor registrou queda no faturamento de 5% no ano, refletindo uma redução de 21% nas vendas para a administração pública. Os dados são da pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, divulgada hoje (3/5), no Rio de Janeiro, pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) e pela Câmara Brasileira do Livro (CBL).

De acordo com o levantamento, o governo federal, o maior comprador individual de livros no país, adquiriu 18% a menos ano passado, saindo de 190 milhões de exemplares, em 2013, para 155 milhões adquiridos em 2014. O maior corte nas compras foi detectado nos programas Pacto Nacional pela Educação na Idade Certa (Pnaic) e no Programa Nacional do Livro Didático, do Ministério da Educação, com quedas de 53% e 31%, respectivamente.

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As prefeituras também reduziram as compras em 71%, passando de 10 milhões de livros para 2,9 milhões. Somado à redução das compras do governo federal o impacto foi de 16% no faturamento do mercado entre um ano e outro, segundo a pesquisa, elaborada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), da Universidade de São Paulo. Ao todo, o setor faturou R$ 5,4 bilhões em 2014, menos de 1% acima do resultado de 2013.

Para o presidente do Snel, Luís Antonio Torelli, o setor quase nada pode fazer para amenizar as perdas com a redução das compras do setor público, lembrando que o volume de compras está relacionadas às políticas públicas de governo. A mesma opinião tem o presidente da CBL, Marcos da Veiga Pereira. ;O único programa que é lei é o Programa Nacional do Livro Didático. Os outros, não. Ou seja, se o governo não quiser comprar para o programa das bibliotecas, ele não compra;, disse.

Marcos da Veiga destacou ainda que muitas editoras, que se organizaram para atender os governos, sofrem os impactos nos cortes dos programas. ;São editoras menores que contratam, autores, profissionais e perdem a capacidade de escoar os produtos;, completou.

Apesar disso, o setor avalia que há possibilidade de crescimento no médio prazo, com mudanças na economia do país. ;Minha esperança é ter notícias [boas] para que a gente volte a ter crescimento. O setor sente bem rápida [a retomada da economia];, disse Marcos da Veiga. Uma das apostas dele , por exemplo, é o crescimento do números de livrarias no interior.

Procurado pela reportagem da Agência Brasil, o Ministério da Educação não se pronunciou sobre o assunto.

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