Economia

HSBC vai suprimir 50 mil postos de trabalho e vender atividades no Brasil

O banco tem mais de 21 mil empregados no Brasil e mais de 850 agências no país

Agência France-Presse
postado em 09/06/2015 07:44

O banco britânico HSBC, afetado por vários escândalos em todo o mundo, anunciou nesta terça-feira (9/6) que suprimirá 50 mil postos de trabalho como parte de uma reestruturação, que inclui a venda de suas atividades no Brasil e na Turquia. O diretor geral do HSBC, Stuart Gulliver, apresentou nesta terça-feira o plano do banco aos investidores em Londres e falou de uma mudança "significativa". "Reconhecemos que o mundo mudou e precisamos mudar com ele. Por isto, apresentamos 10 medidas estratégicas que transformarão ainda mais a nossa organização", afirmou.

O HSBC prevê eliminar quase 10% do número de funcionários, entre 22 mil e 25 mil empregos, segundo um plano divulgado em seu site. Além deste número, outros 25.000 postos de trabalho devem ser suprimidos com a venda de suas atividades no Brasil e na Turquia.



[SAIBAMAIS]O banco tem mais de 21 mil empregados no Brasil e mais de 850 agências no país. Tudo isto ficará reduzido a "uma presença para atender as necessidades internacionais dos grandes clientes corporativos". O HSBC fechará várias agências ao redor do mundo, acelerará o processo das transações e vai deslocar milhares de postos de trabalho para países "de baixo custo e alta qualidade" de mão de obra, informou o banco.

A decisão é parte da meta de "reduzir os custos em algo entre 4,5 e 5 bilhões de dólares anuais até 2017", segundo uma nota enviada à Bolsa de Hong Kong.

Em nota, o HSBC explicou que está em "processo de venda, não de encerramento das operações no país". Segundo eles, o banco deve seguir operando normalmente e, após a venda, "seguirá prestando serviços aos clientes."


Abalado por escândalos
O maior banco da Europa sofreu uma queda no lucro líquido em 2014 por culpa, principalmente, das multas colossais que recebeu por várias irregularidades, sobretudo no Reino Unido e nos Estados Unidos.

O escândalo mais conhecido é o conhecido como "Swissleaks", que consistiu no uso da filial do banco na Suíça por milhares de clientes, incluindo muitas personalidades, para evitar o pagamento de impostos em seus países.

O caso explodiu no fim de 2008, quando o ex-funcionário do HSBC Hervé Falciani entregou arquivos digitas da filial suíça às autoridades francesas, que compartilharam o material com vários países.

Antes, em 2012, o banco teve que pagar uma multa de quase dois bilhões de dólares nos Estados Unidos por ter permitido transferências de clientes supostamente vinculados ao narcotráfico no México e ao terrorismo no Oriente Médio.

Voltar a Hong Kong
Outro anúncio desta terça-feira é o de que o HSBC pretende "acelerar os investimentos na Ásia", em particular no sul da China e no sudeste do continente, "para captar oportunidades de crescimento futuro e adaptar-se às evoluções estruturais" do mercado bancário.

Gulliver anunciou que até o fim de 2015 o banco deve completar a análise sobre sua sede, o que pode representar o retorno a Hong Kong após alguns anos em Londres, em Canary Wharf.

A regulamentação bancária mais rígida no Reino Unido pode provocar a mudança, admitiu a instituição em abril. "Não há futuro para os grandes bancos internacionais na Europa e nos Estados Unidos, não importa que cortem gastos", afirmou à AFP o analista financeiro Francis Lun. "Os governos destas duas regiões sofreram grandes perdas durante o tsunami financeiro e querem ficar quites com os bancos", completou.

O HSBC foi fundado em 1865 em Hong Kong pelo escocês Thomas Sutherland como Hong Kong & Shanghai Banking Corporation para financiar o comércio no Extremo Oriente, que na época tinha o ópio como uma de suas principais fontes de riqueza.

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