Rosana Hessel
postado em 11/06/2015 09:30
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a projeção da inflação para o centro da meta, de 4,5% ao ano, para o fim de 2016 na ata da última reunião, realizada no último dia 3 e divulgada nesta quinta-feira (11/06), quando elevou, por unanimidade, em mais 0,50 ponto percentual a taxa básica da economia (Selic) para 13,75% ao ano, o mesmo patamar de dezembro de 2008.Na ata, o Copom reafirmou que a política monetária se mantém ;vigilante; e adicionou o termo "perseverante" em relação à inflação. O BC sinalizou que a tendência é que a inflação permaneça elevada em 2015, "necessitando determinação e perseverança para impedir sua transmissão para prazos mais longos". "Ao tempo em que reconhece que esses ajustes de preços relativos têm impactos diretos sobre a inflação, o Comitê reafirma sua visão de que a política monetária pode e deve conter os efeitos de segunda ordem deles decorrentes, para circunscreverem em 2015". O Copom ainda avalia que o cenário de convergência da inflação para 4,5% tem se fortalecido.
A economista Alessandra Ribeiro, da consultoria Tendências, considera que, com essa sinalização o Banco Central vai continuar elevando os juros neste ano, em pelo menos mais duas reuniões. "Ao adicionar o termo perseverante, o BC indicou que deve fazer de tudo para conter a inflação neste ano e evitar que ela contamine 2016 e 2017. Entendemos como um tom mais forte em relação à inflação", disse ela, elevando sua previsão de alta da próxima reunião em julho, de 0,25% para 0,50% em setembro; ela supõe que haverá mais uma elevação de 0,25%. Com isso, ela acredita que a Selic encerrará o ano em 14,5% ao ano.
Para o economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, Neil Shearing, o BC sinaliza que ;mais aumento de juros está por vir;. ;A nota deste mês não contém sugestões de que os agentes da política monetária estão projetos para encerrar o ciclo de alta dos juros;, destacou. O Copom elevou a Selic na semana passada pela sexta vez consecutiva, pois havia interrompido o ciclo de aperto monetário iniciado em abril de 2013 durante a campanha presidencial.
;Ao tempo em que reconhece que esses ajustes de preços relativos têm impactos diretos sobre a inflação, o Comitê reafirma sua visão de que a política monetária pode e deve conter os efeitos de segunda ordem deles decorrentes, para circunscrevê-los a 2015;, disse o Copom repetindo a mesma justificativa das notas anteriores e afirmando que ;é preciso ampliar o horizonte de observações, e que ainda prevalece risco significativo relacionado, particularmente, à possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade, com repercussões negativas sobre a inflação;.
Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, acumulou alta de 8,47% em 12 meses, bem acima do teto da meta de 6,5%, principalmente, pelos preços dos alimentos, que continuam pressionando o custo de vida.
De acordo com o documento, o fato de a inflação atualmente se encontrar em patamares elevados reflete, em grande parte, ;os efeitos de dois importantes processos de ajustes de preços relativos na economia ; realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e realinhamento dos preços administrados em relação aos livres;. O Comitê considera ainda que, desde sua última reunião, entre outros fatores, ;esses ajustes de preços relativos na economia tornaram o balanço de riscos para a inflação desfavorável para este ano;.