Economia

Inflação faz com que rendimentos da caderneta de poupança caia mês a mês

postado em 14/06/2015 08:00
Desencantados com os baixos rendimentos da caderneta de poupança, devido à inflação galopante, os brasileiros estão sacando o que podem da mais tradicional aplicação financeira do país. Como a rentabilidade é de 7% ao ano, em média, e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode chegar a 9% em 2015, a diferença de dois pontos percentuais ao deixar o dinheiro na poupança significa perder quase 23% do poder de compra.

Diante desse quadro, quem precisa de dinheiro para completar o orçamento, não pensa duas vezes antes de sacar o que têm aplicado. Assim, em maio, pelo quinto mês seguido, as retiradas superaram os depósitos na caderneta em R$ 3,2 bilhões. No acumulado do ano, a captação líquida da poupança está negativa em R$ 32,2 bilhões. ;Não há dúvidas de que as pessoas estão ganhando menos e está sobrando menos para poupar. No caso daqueles que ainda têm sobras de caixa,, os juros altos incentivam a busca por outros investimentos;, avalia o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.

Para os especialistas, a expectativa é de que os saques na poupança continuarão. Além das projeções do IPCA para 2015 estarem piorando, há um excesso de concentração na caderneta, com poucos poupadores representando fatia elevada do total de recursos. De acordo com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), cerca de 85% dos recursos aplicados na tradicional modalidade de investimento estão na faixa acima de R$ 10 mil, sendo que esses aportes foram feitos por um grupo de apenas 9% dos investidores. Basta, portanto, eles se movimentarem, para que o saldo da poupança suba ou desça de forma rápida.

Outro dado que reforça os saques crescentes na caderneta é o impacto da desaceleração econômica no mercado de trabalho. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego atingiu, em abril de 2015, seu maior nível dos últimos quatro anos: 8%, maior da série histórica da Pnad Contínua. ;As retiradas também estão altas porque está faltando recursos para os brasileiros honrarem os compromissos. O mercado de trabalho piorou e a o rendimento começa a registrar queda real;, destaca Perfeito.

Na avaliação do gerente de investimentos da Corretora Concórdia, Mauro Mattes, ;o poupador tem que ter como alvo a defesa do seu poder de compra. E a caderneta é um mau negócio;. (SK)

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