Agência France-Presse
postado em 14/06/2015 09:30
As negociações entre o governo grego e os credores do país continuavam neste domingo em Bruxelas em uma atmosfera de urgência por medo de uma falta de acordo que evite um calote da Grécia, cujas consequências são imprevisíveis. "Estamos no limite do tempo disponível", declarou neste domingo uma fonte europeia. "O governo trava sua batalha mais difícil desde sábado em Bruxelas", escreveu em sua manchete o jornal grego Avghi, ligado ao partido de esquerda radical Syriza, do primeiro-ministro Alexis Tsipras.As negociações reúnem representantes gregos e da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu (BCE), do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE)
A presença do FMI é especialmente importante, pois é com a instituição de Washington, ainda mais do que com os demais credores, que o governo grego deve se entender.
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[SAIBAMAIS]Em 30 de junho, a Grécia deve pagar ao FMI 1,6 bilhão de euros e ainda há dúvidas sobre a capacidade financeira do país de fazer frente a este vencimento sem a liberação da parcela de ajuda financeira de 7,2 bilhões de euros. Há meses, os credores bloqueiam esse montante diante da resistência do governo grego de realizar as reformas exigidas há quatro meses.
Contudo, o ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, considerou neste domingo que uma eventual retirada do FMI das negociações "não impediria um acordo entre Atenas e os europeus".
"Eu não ficaria surpreso se o FMI insistisse em posições inaceitáveis, o que seria uma justificativa para que a instituição deixe as negociações", declarou o ministro em uma entrevista ao jornal Realnews.
As discussões poderiam durar vários dias, mas o ideal seria um acordo até quinta-feira, data da próxima reunião de ministros das Finanças da zona do euro. "O Eurogrupo é a última parada do trem", insistiu neste domingo a fonte europeia.
Outros temem que nenhum acordo seja alcançado. "Os dois lados ainda estão muito distantes" em suas posições, disse outra fonte europeia. A Grécia "não cumpriu com suas promessas", e com suas propostas "as contas não fecham", acrescentou.
O principal ponto negociado é o nível de superávit primário, calculado sem levar em conta o interesse sobre a dívida. Este nível determina a quantidade de poupança ou receitas adicionais que a Grécia deve ter.
Os credores pedem um superávit fiscal primário de 1% do PIB este ano, enquanto os gregos propõem 0,75%. De acordo com o jornal financeiro grego Naftemporiki, o governo poderia propor 0,9%.
De acordo com o jornal liberal Kathimerini, o governo grego estaria disposto a aceitar reduções nas pensões e salários em troca de soluções para aliviar a dívida do país em torno de 180% do PIB.
George Stathakis, ministro grego da Economia entrevistado pelo Avghi, excluiu, por sua vez, uma "ruptura" com os credores, pois isso "levaria a territórios desconhecidos". "Por natureza, estamos otimistas", disse o primeiro-ministro Tsipras no sábado, de acordo com a agência de notícias grega Ana.
Dada a urgência dos prazos, a zona do euro discutiu pela primeira vez esta semana a possibilidade de um calote da Grécia, um assunto até então tabu e que poderia ser o prelúdio do "Grexit", a saída do país da zona do euro.