Economia

BC grego ameaça sair da Eurozona e premiê Tsipras segue inflexível

Um acordo, no entanto, é indispensável para que a Grécia possa receber dos credores a última parcela de 7,2 bilhões de euros correspondentes ao plano de resgate internacional

Agência France-Presse
postado em 17/06/2015 12:50
Atenas, Grécia - O Banco Central da Grécia advertiu nesta quarta-feira (17/6) que o país pode sair da zona do euro se não chegar a um acordo com os credores, enquanto o primeiro-ministro Alexis Tsipras permanece inflexível um dia antes de uma reunião do Eurogrupo sobre a crise. "A incapacidade de chegar a um acordo representaria o início de um caminho doloroso que levaria a uma suspensão do pagamento da dívida da Grécia e depois a uma saída do país da zona do euro e, muito provavelmente, da União Europeia", afirma o Banco Central grego no relatório anual sobre a economia do país, publicado nesta quarta-feira.

Tsipras:

Há várias semanas as autoridades de Atenas negociam com os credores (UE, FMI e Banco Central Europeu) a aplicação de uma série de reformas econômicas em troca da liberação de uma nova parcela de empréstimos de 7,2 bilhões de euros, vital para o país, já praticamente sem liquidez. Mas a incompreensão entre as partes parece ter aumentado nos últimos dias. Atenas e os sócios europeus se reunirão na quinta-feira em Luxemburgo durante um encontro dos ministros das Finanças da zona do euro (Eurogrupo).

[SAIBAMAIS]Mas não há espaço para muito otimismo. O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Sch;uble, afirmou a parlamentares de seu país que tem poucas esperanças de obter um acordo com a Grécia na quinta-feira. Além disso, o primeiro-ministro Tsipras estará no mesmo dia na Rússia, para um fórum econômico em São Petersburgo, ignorando assim um apelo dos Estados Unidos, na terça-feira, para que adotasse uma "iniciativa séria" para deixar o beco sem saída.

O primeiro-ministro grego mantém o discurso duro e inflexível. "Se a Europa insiste nesta incompreensível fixação, terá de assumir o preço das consequências, que não beneficiarão a ninguém", afirmou Tsipras sobre o pedido de redução das pensões gregas. Na terça-feira, diante dos deputados de seu partido, Syriza (esquerda radical), Tsipras atacou as "instituições" dos credores, que acusou de querer "humilhar" o povo grego, e atribuiu ao FMI a "responsabilidade criminal" pela situação do país, que sofre há seis anos com a recessão.

Sem liquidez
Um acordo, no entanto, é indispensável para que a Grécia possa receber dos credores a última parcela de 7,2 bilhões de euros correspondentes ao plano de resgate internacional de 2012. Segundo um analista consultado na terça-feira pela AFP, a Grécia não tem liquidez suficiente para pagar este mês, ao mesmo tempo, salários e pensões e a quantia de 1,5 bilhão de euros que deve ao FMI, com vencimento em 30 de junho.

A última oportunidade para alcançar um compromisso seria uma solução de último minuto, na reunião de cúpula europeia do fim do mês, ou em um encontro extraordinário convocado nos próximos dias. Para evitar um fracasso, no relatório o Banco Central grego pede flexibilidade às partes.

O BC convida o governo grego a reconhecer que a redução das metas de superávit primário (de 3% para 1%) aceita pela UE e o FMI dá "o tempo necessário para o ajuste orçamentário e alguns graus de liberdade adicional na condução da política orçamentária". Ao mesmo tempo, pede aos credores que "reafirmem e formulem em termos mais precisos a vontade" de conceder à Grécia uma redução da dívida pública "como se previu inicialmente em 2012".

Pressões
O governo grego sofre a pressão de seu próprio partido, Syriza. Alguns integrantes da formação não aceitam qualquer concessão aos credores que viole promessas eleitorais. O Parlamento recebeu nesta quarta-feira, na presença de Tsipras, as primeiras conclusões dos especialistas que desde abril trabalham em uma "Comissão para a Verdade sobre a Dívida Pública".

De acordo com um dos integrantes, a comissão considera que a Grécia "não deveria pagar sua dívida, que é ilegal, ilegítima e odiosa". Também afirmou que o país é vítima de um "ataque coordenado" dos credores, destinado apenas a transferir a dívida que pesava sobre os bancos privados - franceses, alemães e gregos - para o setor público, ou seja, os cidadãos gregos.

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