Economia

Grécia e credores fracassam em negociações e se aproximam 'do pior'

O governo do premiê Alexis Tsipras resiste a aceitar as reformas como exigem os credores

Agência France-Presse
postado em 18/06/2015 18:48

Luxemburgo, Luxemburgo - A União Europeia convocou nesta quinta-feira uma cúpula extraordinária para a segunda-feira, em Bruxelas, na qual vale tudo ou nada para evitar "o pior" para Atenas e a zona do euro, após uma reunião dos ministros das Finanças da moeda única, que terminou em fiasco.

"Decidi convocar uma cúpula da zona do euro (...). É tempo de discutir com urgência a situação da Grécia no mais alto nível político", anunciou, em Bruxelas, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, marcando o encontro para a segunda-feira, três dias antes de uma cúpula regular de dirigentes da União Europeia (UE).

A Grécia "tem que aceitar um compromisso razoável" para "evitar um resultado que seria uma catástrofe", disse o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici, ao fim da reunião de ministros das Finanças da zona do euro em Luxemburgo, onde se registrou o fracasso.

"Resta pouco tempo para evitar o pior. O fim da partida se aproxima", acrescentou.

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"Falta diálogo" e "a urgência para restabelecer o diálogo entre adultos", disse a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, que participou da reunião.

Atenas e seus credores negociam há quase cinco meses um plano de reformas e ajustes em troca do desbloqueio de 7,2 bilhões de euros, a última parcela do segundo resgate financeiro para a Grécia.

Estes recursos, de que Atenas precisa com urgência para fazer frente aos vencimentos da sua dívida, estão bloqueados à espera de um acordo "confiável" aos olhos dos credores sobre as reformas.

À beira do default

Em 30 de junho, Atenas deve pagar 1,6 bilhão de euros ao FMI. Se não o fizer, cairá em "default", lembrou Lagarde.

"A partir desse momento, as regras do FMI proíbem que faça qualquer desembolso", a menos que sejam quitadas as cotas vencidas.

Este prazo está cada vez mais mais próximo, alertou o ministro grego, Yanis Varouofakis.

"Disse que estamos perigosamente perto de um estado mental no qual se aceita um acidente", disse em coletiva de imprensa. "Pedi aos meus colegas que não aceitassem essa forma de pensar", acrescentou.

O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, reconheceu que a zona do euro "se prepara para todas as eventualidades", enquanto Moscovici, admitindo que a situação é "muito difícil e preocupante", fez um apelo ao governo grego "para que volte seriamente à mesa de negociações".

Os ministros discutiram apenas durante uma hora e meia sobre a Grécia. Uma fonte europeia chegou a qualificar o encontro de "trágico". "Não houve sequer um pedido para prorrogar o (segundo) programa" de resgate acordado em 2012 e que termina no fim do mês, indicou a fonte.

Os sócios de Atenas, que não acreditavam na possibilidade de concluir as negociações nesta quinta-feira, esperavam do ministro grego pelo menos contrapropostas à sugestão feita pelas instituições credoras, a UE e o FMI, para alcançar os objetivos fixados.

O governo do premiê Alexis Tsipras resiste a aceitar as reformas tal como exigem os credores, pois muitas contradizem as promessas eleitorais do seu partido de esquerda radical, o Syriza.

Um dos pontos que bloqueiam é a reforma das aposentadorias. Os credores pediam cortes. Nesta quinta-feira, o FMI fez uma abertura a Atenas neste tema, dizendo-se disposto a "discutir".

Os credores estimaram, no entanto, que a proposta e os compromissos alcançados eram "razoáveis".

Outro ponto que a Grécia quer discutir é a reestruturação de sua dívida, considerada insustentável e que atingirá este ano 180% de seu PIB, uma "linha vermelha" para muitos países.

Enquanto a Grécia está no centro da reunião desta quinta-feira em Luxemburgo, o premiê grego viajou para São Petersburgo para participar de um fórum econômico internacional.

Ele se reunirá nesta sexta-feira com o presidente Vladimir Putin. Os europeus temem que a Rússia tire proveito da queda de braço interna dentro da UE.

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