Economia

Petrobras adia anúncio do plano de negócio dos próximos cinco anos

Expectativa é de que desembolsos caiam de US$ 220,4 bilhões para pouco mais de US$ 130 bilhões, evitando explosão do endividamento

Antonio Temóteo
postado em 27/06/2015 08:01

Os investidores vão passar o fim de semana em compasso de espera. Era grande a expectativa ontem de que a Petrobras, que está envolvida no maior escândalo de corrupção da história do país, divulgasse seu novo plano de negócios para 2015 a 2019. Mas o Conselho de Administração da companhia, que passou toda a sexta-feira reunido, decidiu só detalhar os projetos na segunda-feira, o que gerou descontentamento e apreensão.

A expectativa dos analistas é de que a petroleira tenha cortado até 40% dos US$ 220,4 bilhões do plano vigente. Com isso, os desembolsos ficariam pouco acima de US$ 130 bilhões. Os cortes foram negociados com o Palácio do Planalto. O presidente da empresa, Aldemir Bendine, alegou que não havia como manter as projeções de gastos sem ampliar o endividamento, que já está no limite, totalizando R$ 351 bilhões. Serão afetados, principalmente, as áreas de exploração, produção, refino e internacional.

A possibilidade de anúncio do novo plano de negócios da Petrobras movimentou a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). As ações preferenciais (PN) da estatal apontaram alta de 4,84% e as ordinárias (ON), de 4,79%. No entender dos investidores, um plano mais factível de negócios para os próximos cinco anos é vital para dar credibilidade à empresa, cuja imagem se mantém arranhada. ;O que todos querem são projetos sem superfaturamento ou propinas de corrupção;, disse um analista de um banco estrangeiro.

Navios
Pelos cálculos dos especialistas, além de abrir mão de empreendimentos, a Petrobras deverá vender uma série de ativos para fazer caixa. Há a possibilidade de a empresa se desfazer de pelo menos 23 navios petroleiros e transportadores de gás liquefeito por aproximadamente US$ 270 milhões. Parte dos navios, porém, poderão ser fretados pela estatal, que se livraria dos elevados custos de manutenção da frota.

;A Petrobras passa por um momento decisivo. Ao mesmo tempo em que está limpando a corrupção que sugou bilhões de reais de seu caixa, precisa divulgar um plano de negócios factível, que seja visto como sustentável pelos investidores;, assinalou um técnico do Ministério de Minas de Energia. ;A ordem no governo foi para que não houvesse intromissão na definição dos projetos de investimentos. As decisões da companhia devem ser estritamente técnicas. A política já maltratou demais a petroleira;, acrescentou.

Os investidores também estão ansiosos quanto à possibilidade de a Petrobras anunciar a venda de parte de ações da BR Distribuidora, considerada a joia da cora da estatal. A expectativa em torno desse assunto aumentou depois de a Caixa Econômica Federal ter autorizado ontem a abertura de capital da Caixa Seguridade. ;Assim como o governo precisa de receitas e conta com a venda de ações da seguradora, a Petrobras pode fazer um excelente negócio ofertando parte do capital da BR ao mercado;, afirmou um técnico da equipe econômica.

Investigação
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) acompanhou com lupa a movimentação dos negócios com ações da Petrobras. A preocupação do órgão regulador e fiscalizador do mercado de capitais foi identificar possíveis vazamentos da reunião do Conselho de Administração da estatal, favorecendo um grupo restrito de investidores. A CVM sabe do tamanho da comoção que qualquer informação sobre a estatal causa nos mercados.

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