Paulo Silva Pinto
postado em 29/06/2015 06:05
Coisas que hoje parecem ficção científica vão se tornar corriqueiras na paisagem rural brasileira nas próximas décadas: robôs para fazer análise de solo e veículos aéreos não tripulados (vants) para dispersar agrotóxicos e outros insumos com exatidão, apenas nas quantidades necessárias para cada pedacinho de chão, sem desperdício. É o que conta o agrônomo Maurício Antônio Lopes, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Graças a esses avanços, será possível ao Brasil continuar se tornando cada vez mais sofisticado no campo. A tarefa não é fácil, exatamente porque já avançamos muito. Apesar de todo o destaque que a produção de grãos conquistou na economia brasileira, ela ocupa apenas 7% do território nacional, aproximadamente. Se ainda tivéssemos a produtividade de meados do século passado nas lavouras, seria preciso 10 vezes mais espaço para a colheita atual, conta.
Daqui para a frente, os ganhos não serão tão grandes, mas vão continuar. Com o conhecimento que já existe, é possível ganhar muita eficiência em algumas culturas, como o milho, e, sobretudo, transformar pastos degradados em áreas de cultivo, o que permitiria dobrar a área plantada. Isso vai acontecer junto das novas etapas da evolução tecnológica e gerencial do campo.
Doutor em genética molecular, Lopes acredita que os organismos modificados vão ter participação central nesse processo. A seguir, os principais trechos da entrevista que ele concedeu ao Correio.
Qual a dimensão do avanço da agricultura brasileiras nas últimas décadas?
O avanço é muito expressivo: a agricultura incorporou tecnologia, ampliou área e ganhou capacidade exportadora. Se tivéssemos a produtividade dos anos 1950, precisaríamos de 600 milhões de hectares para produzir o mesmo que produzimos hoje em 60 milhões de hectares.
Somos líderes?
Em soja, somos líderes em produtividade junto com os norte-americanos, disputando ombro a ombro. Em muitos outros cultivos, ainda temos uma margem gigantesca de aumento de produtividade. O milho, por exemplo. Em alguns lugares, se produz 11 toneladas por hectare;em outros, 2,5 toneladas a 3 toneladas. A produção bovina é outro caso.
Continuaremos crescendo?
Certamente, não teremos nos próximos anos uma ampliação tão significativa da área, em função do novo código florestal, que limita a ampliação da agricultura em área e coloca um desafio para a agricultura como um todo no sentido do desenvolvimento vertical da produção, com mais eficiência, com sustentabilidade, um tema muito importante na agenda da sociedade.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.