Economia

50 países criam banco asiático de desenvolvimento idealizado pela China

O BAII, dotado com um capital de 100 bilhões de dólares, entrará em operação até o fim do ano, financiará obras de infraestrutura na Ásia

Agência France-Presse
postado em 29/06/2015 10:56
Pequim - Cinquenta Estados, incluindo o Brasil, assinaram nesta segunda-feira em Pequim um acordo sobre a fundação e os estatutos do novo banco asiático de desenvolvimento, uma iniciativa da China, que terá um peso importante na instituição.

A Austrália foi o primeiro país a assinar o documento que cria o Banco Asiático de Investimentos em Infraestruturas (BAII), em uma cerimônia no Grande Palácio do Povo de Pequim.

Outros 49 países assinaram em seguida, o que significa que existem 50 membros fundadores. Outras sete nações (Dinamarca, Polônia, África do Sul, Kuwait, Malásia, Filipinas e Tailândia) devem se unir ao projeto até o fim do ano.

O BAII, dotado com um capital de 100 bilhões de dólares, entrará em operação até o fim do ano, financiará obras de infraestrutura na Ásia.

"Nossa iniciativa está concebida para responder às necessidades de desenvolvimento das infraestruturas na Ásia (...) e também para aprofundar as cooperações regionais", afirmou nesta segunda-feira o presidente chinês Xi Jinping, que chamou a cerimônia de "etapa de importância histórica".

Depois de anunciar o projeto no fim de 2014, a China conseguiu adesão de vários países ocidentais, entre eles França, Alemanha, Reino Unido, Espanha e Brasil, mas não Estados Unidos e Japão, respectivamente primeira e terceira economias mundiais.

Washington manifestou reservas sobre o BAII, preocupado com os parâmetros de governança, falta de transparência, a concorrência com as organizações existentes, como o Banco Mundial, assim como o risco de que Pequim utilize a instituição para os próprios fins geopolíticos e econômicos.

Esta espécie de "Plano Marshall chinês" pretende virar um contrapeso das instituições nascidas em Bretton Woods, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, nas quais o governo dos Estados Unidos exerce uma enorme influência.

Com uma contribuição ao "soft power chinês", o BAII poderia favorecer também as empesas chinesas que buscam novos mercados, em particular o lucrativo setor de infraestrutura na Ásia, onde quase tudo precisa ser construído.

O Wall Street Journal afirmou recentemente que Pequim manteria o controle da instituição e poderia utilizar, como principal contribuinte, um "direito de veto" de fato nas principais decisões. As autoridades chinesas negam a informação.

O funcionamento do BAII ; que terá sede em Pequim - concede à China um papel predominante pelo simples fato de que o país é, de longe, o contribuinte mais importante, com 30% do total.

Isto permitirá a Pequim obter 26% dos direitos de voto, segundo o governo chinês. Para adotar algumas decisões estruturais é necessária a maioria qualificada de 75% dos votos, o que dará à China um poder de bloqueio.

Fontes ligadas à nova instituição, entrevistadas pela AFP, tentaram minimizar os temores provocados por esta "minoria de bloqueio", alegando que os países não asiáticos também poderiam votar em bloco, bloquear ou influenciar nas decisões do banco.

A Índia é o segundo maior contribuinte da instituição (8,4%), seguido pela Rússia (6,5%). A Alemanha aparece com 4,5%, a França com 3,4% e o Brasil 3,2%.

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