Agência France-Presse
postado em 03/07/2015 14:09
Paracas, Peru - A Aliança do Pacífico, que abriu nesta quinta-feira a sua X cúpula presidencial no Peru, se apresentou como uma terceira via para o desenvolvimento latino-americano, com um bloco que busca fortalecer o comércio e consolidar-se em conjunto como a oitava economia do mundo.A reunião inaugural com os membros do bloco, programada para esta sexta-feira, foi adiantada para a noite de quinta por causa do presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, que precisou retornar a seu país depois que explosões deixaram 10 feridos em Bogotá. Seu governo atribui o atentado à ação das guerrilhas. "O Peru se sente feliz de mostrar à comunidade internacional um espaço de integração profunda como a Aliança do Pacífico, que vem avançando em poucos anos, o que muitos outros espaços ainda não conseguiram", disse o presidente peruano Ollanta Humala, anfitrião da cúpula.
A foto oficial do evento também foi adiantada, a fim de garantir a presença dos quatro governantes membros do bloco: Michelle Bachelet, do Chile; Humala, do Peru; Santos, da Colômbia, e Enrique Peña Nieto, do México, que se reuniram na baía de Paracas (260 km ao sul de Lima), na província de Pisco. Além da adversidade que apressou o retorno de Santos, a presidente Bachelet chegou com atraso ao Peru porque seu avião apresentou um defeito, obrigando-a a trocar de aeronave na última hora.
"Somos a terceira via"
Antes de partir, e durante a cúpula empresarial prévia, Santos ressaltou que os países da Aliança do Pacífico se transformaram em uma terceira via para impulsionar o desenvolvimento na região, ao destacar que suas economias e ideais democráticos são um exemplo ao qual muitos países querem se somar. "Uma das grandes vantagens que temos, os quatro países, é que compartilhamos visões, princípios, valores, em matéria econômica e social. Nós quatro somos de terceira via: o mercado até onde for possível, o Estado até onde for necessário", disse Santos a mais de cem empresários.
"Somos democratas, acreditamos na liberdade, na propriedade privada, no investimento estrangeiro, e, nesse sentido, se encontrarmos mais e mais denominadores comuns, vamos poder fortalecer-nos em um mundo mais competitivo e mais difícil de se destacar", enfatizou o colombiano.
No encontro presidencial, os governantes devem avaliar a projeção do bloco comercial e abordar temas como educação, tecnologia e impulso às pequenas e médias empresas. Humala recebeu de seu colega Peña Nieto a presidência pro tempore da Aliança. Durante a cúpula, que será encerrada na tarde desta sexta-feira, será debatida a eventual inclusão de novos membros. "Este é o maior mecanismo de integração da última década", disse o governante mexicano.
Oitava economia do mundo
Os quatro países desse mecanismo de integração regional, focado em estreitar os vínculos comerciais com a região Ásia-Pacífico, reúnem 216 milhões de habitantes com um Produto Interno Bruto (PIB) de 2,1 trilhões de dólares, que representa 37% do total da América Latina.
O PIB total da Aliança do Pacífico representa a oitava economia do mundo. "A Aliança é um bloco econômico e comercial, não é um bloco ideológico como a Unasul, que se inclina pela cooperação política e que não tem um componente econômico ou comercial", disse à AFP o ex-chanceler peruano José García Belaunde, que participou da sua criação em abril de 2011.
O bloco receberá um impulso a partir da entrada em vigor neste 20 de julho do Acordo-Quadro da Aliança, assinado em 2012 no Chile. A implementação do acordo-quadro e de seu protocolo adicional, instrumento concebido para a liberalização de bens, serviços e capitais, elimina 92% das tarifas e os outros 8% serão feitos de forma gradual. Assim, entre os quatro países não existirão barreiras tarifárias. Tampouco é necessário o visto para o trânsito de cidadãos. Todos eles têm tratados de livre comércio com outras 85 nações.
O bloco conta com 32 países observadores, entre os quais estão China, Estados Unidos, França, Costa Rica e Panamá, esses dois últimos com sérias intenções de se transformar em membros plenos. Outros dez países também querem participar na qualidade de observador. Na reunião, aproveitou-se para estimular o desenvolvimento na área educacional, com bolsas de graduação e pós-graduação, tema ressaltado por Humala, enquanto Bachelet cogitou a possibilidade de oferecer, também no bloco, um pacote turístico conjunto, especialmente para a Ásia.