Economia

Países mais pobres da zona do euro defendem firmeza diante da Grécia

Segundo o presidente da Estônia, Toomas Hendrick Ilves, "é preciso pensar em todos os credores, não só nos bancos". "Os países mais pobres do que a Grécia podem perder até 4,2% de seu PIB"

Agência France-Presse
postado em 06/07/2015 19:46
Os países mais pobres da zona do euro no leste da Europa, que sofreram na própria carne dolorosas reformas, são a favor de uma postura dura em relação à Grécia e acham realista uma "Grexit", após o ;Não; no referendo grego.

Estônia, Letônia, Lituânia e Eslováquia alegaram várias vezes que são muito pobres para pagar pelos erros de uma Grécia mais rica, e pedem a Atenas que se submeta às reformas e medidas de austeridade previstas no plano de resgate de 240 bilhões de euros recebido pela país mediterrâneo desde 2010.



"Ouvi dizer que alguns aposentados gregos recebem mais de 1.000 euros por mês. É inaceitável. Me nego a pagar suas dívidas se ganham fortunas, comparadas ao meu salário", disse à AFP Martina Lelovicova, uma garçonete de Bratislava.

O salário médio na Eslováquia, país de 5,4 milhões de habitantes e membro da zona do euro desde 2009, é de 880 euros.

O ministro eslovaco da Economia, Peter Kazimir, foi o primeiro dos membros do Eurogrupo em destacar que o ;não; grego faz emergir o fantasma de uma "Grexit".

"A saída progressiva da Grécia da zona do euro já está em curso", alardeou Kazimir na imprensa.

Segundo o primeiro-ministro de esquerda eslovaco, Robert Fico, seu país não sofrerá nenhuma consequência, com a permanência ou não da Grécia na zona do euro.

"Os eslovacos não perderão um euro por causa dos gregos, porque não lhes demos dinheiro", explicou em um debate televisionado.

Mais pobres do que a Grécia

No entanto, outros países pobres da zona do euro temem que possam, sim, ter algo a perder.

Segundo o presidente da Estônia, Toomas Hendrick Ilves, "é preciso pensar em todos os credores, não só nos bancos". "Os países mais pobres do que a Grécia podem perder até 4,2% de seu PIB", segundo escreveu nesta segunda-feira no Twitter.

Seu primeiro-ministro, Taavi Roivas, considera que as opções para a Grécia agora são "ruins ou piores", e que as reformas no país são "inevitáveis".

A Estônia e a Letônia, que se tornaram independentes de Moscou em 1991, se uniram à zona do euro respectivamente em 2011 e em 2014, seguidos em janeiro passado pela Lituânia.

Esses três países foram seriamente abalados pela crise econômica de 2008-2009, com uma profunda recessão, antes de recuperar-se com a adoção de drásticas medidas de austeridade e dolorosas reformas.

"Os estônios não entendem a atitude dos gregos. Nós estamos acostumados a poupar e a viver com sobriedade", explica à AFP Merit Kopli, editor-chefe do maior jornal da Estônia, Postimees.

"O nível de vida na Grécia é mais elevado do que o nosso nosso na Estônia. Para mim o normal é que as pessoas paguem suas dívidas", afirma Maie Mets, uma aposentada de 72 anos.

Já a Letônia, país de dois milhões de habitantes, sofreu durante a crise a maior recessão registrada no mundo, com uma queda de 25% no seu PIB em dois anos. Um programa de ajuda internacional de 7,5 bilhões de euros, acompanhado por drásticas reduções de salários e aposentadorias, evitou a quebra do país.

"Não tenho simpatia pelos gregos. Deveriam ter começado há muito tempo a pagar impostos. Se querem dinheiro europeu, devem começar a poupar", insiste Brigita Petersone, de 59 anos, uma empresária de Riga.

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