Economia

CNI estima contração de 1,6% para economia brasileira este ano

Na sondagem anterior do Informe Conjuntural da CNI, divulgado hoje (9), a previsão era de queda de 1,2%

Agência Estado
postado em 09/07/2015 12:11
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta uma retração do Produto Interno Bruto (PIB) do País em 1,6% neste ano. Na sondagem anterior do Informe Conjuntural da CNI, divulgado hoje (9), a previsão era de queda de 1,2%. A estimativa para o PIB industrial é de um recuo ainda mais forte, de 3,8% ante 3,4% do levantamento passado.

De acordo com a Confederação, a recuperação da economia só deverá ocorrer em 2016. "A economia brasileira mostrou forte deterioração no primeiro semestre de 2015", escreveram os economistas da entidade no material distribuído há pouco a jornalistas. De acordo com o documento, a alta da inflação e o aprofundamento da recessão são dois fatores que explicitam essa situação. "Entre as causas imediatas dessa deterioração podemos citar o desajuste das contas públicas, muito mais grave que inicialmente conhecido, e o processo de correção de preços administrados."

A confederação prevê também uma retração de 7,7% nos investimentos. Em março, a expectativa para a formação bruta de capital fixo em 2015 estava em queda de 6,2%.A inflação acumulada para 2015, na previsão da CNI, deve ficar em 9,1%, mais alta do que a previsão para o ano feita em março, quando se esperava uma elevação de 8,1% dos preços.

A CNI também revisou sua estimativa para o resultado da balança comercial, que deve ficar positivo em US$ 5 bilhões, e não mais em US$ 1 bilhão, como projetava três meses atrás. A entidade espera ainda uma taxa média de câmbio para o ano com o dólar patamar de R$ 3,25(a última projeção era de cotação em R$ 3,10).

Com relação à taxa nominal de juros, é esperado um índice de 14 25% no final do ano, ou uma média de 13,47% ao longo de 2015. Na sondagem anterior, essas previsões eram de, respectivamente, 13 50% e 13,12%.

Contas públicas


A CNI acendeu a luz amarela em relação à capacidade do governo de fazer economia para pagar os juros da dívida. "O cumprimento da meta de superávit primário torna-se improvável", escreveram os analistas econômicos da instituição no Informe Conjuntural divulgado nesta quinta-feira (9).

Para os especialistas, as medidas do ajuste fiscal têm seus efeitos reduzidos pelo Congresso Nacional, enquanto uma forte queda da atividade econômica impacta a arrecadação. "A reversão do caráter expansionista da política fiscal observado nos últimos anos não deverá ser suficiente para garantir o cumprimento da meta de superávit primário em 2015.

A meta atual do governo é fazer uma economia de R$ 66,3 bilhões este ano. O Congresso, no entanto, já se mobiliza para alterar esse valor, que representaria cerca de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Agora, já se fala de um superávit equivalente a 0 4% do PIB.

Deterioração

O gerente executivo de Política Econômica da CNI, Flavio Castelo Branco, avaliou que houve um aprofundamento do quadro negativo da economia brasileira no primeiro semestre. "A deterioração foi mais intensa nos primeiros seis meses do que esperávamos no início do ano", considerou.

Com isso, de acordo com ele, a expectativa de que recuperação da atividade ocorra na segunda metade deste ano agora fica afastada e a nova projeção é a de que a reversão só deve começar a ser vista em 2016. "O fundo do poço deve ser alcançado em algum momento do segundo semestre", previu.

Entre os motivos citados por Castelo Branco para o agravamento da economia na primeira metade deste ano estão a inflação, que acumula alta de cerca 9% em 12 meses, a explicitação de um quadro fiscal mais grave do que se imaginava, a deterioração das expectativas, o acirramento da política monetária e um quadro mais negativo do ponto de vista da atividade. "A meta de inflação não vai ser cumprida, sequer no seu teto (6,5%), e isso só reforça o caráter restritivo da política monetária."

Em julho, conforme o economista, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses deve romper os 9%. O mercado de trabalho, segundo ele, também vai sofrer os impactos negativos desse novo quadro. "O reequilíbrio das contas publicas é pedra angular da reversão do processo", enfatizou.

Para o porta-voz da CNI, por esse cenário atual são importantes medidas para estimular a pró-competitividade. Entre as saídas para crise mencionada pelo economista estão a exportação com novo patamar de câmbio, a melhora do mercado americano e oportunidades em infraestrutura. Até porque, de acordo com ele, se o empresário está com baixa confiança, não tem predisposição para investir.

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