Economia

Revisão da meta fiscal é assunto delicado e é preciso cuidado, avalia CNI

Para o economista da CNI, abrandar a meta fiscal pode ser uma ação percebida também pela sociedade como um abrandamento do esforço do governo

Agência Estado
postado em 09/07/2015 13:03
O gerente executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flavio Castelo Branco, avaliou nesta quinta-feira (9) que uma revisão da meta fiscal neste momento é um assunto delicado e que requer cuidado por parte do governo. Ele considerou que o objetivo do governo de economizar R$ 66,3 bilhões este ano para pagar os juros da dívida se mostra pouco factível neste momento, mas que essa meta foi elaborada no final do ano passado com base em expectativas para a economia que não se concretizaram neste primeiro semestre do ano. Para o economista da CNI, no entanto, abrandar a meta fiscal pode ser uma ação percebida também pela sociedade como um abrandamento do esforço do governo.

"A reversão do quadro fiscal é crucial", resumiu. Castelo Branco lembrou que já houve reversão do déficit do ano passado para um superávit este ano, mas ressaltou que, "evidentemente" o esforço do governo "precisa ser além disso". "A redefinição da meta fiscal é questão bastante complexa e precisa ser tratada no momento adequado", destacou. Ontem (8), foi noticiado que o senador Romero Jucá deseja revisar a meta para 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) - o valor atual de R$ 66,3 bilhões têm relação de 1,13% com o PIB. De qualquer forma, segundo o porta-voz da CNI, uma nova meta não pode ter como enfoque um objetivo mais cômodo do ponto de vista fiscal. "A meta tem que continuar a ser desafiadora."

O economista da CNI até admitiu que há razões para a frustração de 1,1% por conta da forte retração econômica e da mitigação das medidas de ajuste fiscal. "O importante é o governo mostrar comprometimento, mas infelizmente temos tido medidas dessa natureza (de aumento de gastos) aprovadas pelo Congresso, acima da capacidade do setor público."

Para Castelo Branco, o ajuste fiscal é parcialmente responsável pelo ajuste por que passa a atividade econômica neste momento, mas esse esfriamento já vem de antes. O temor é de que a política fiscal volte a ser um peso "muito grande" para a política monetária. O Banco Central comanda um processo de aperto dos juros desde abril de 2013 e atualmente a taxa básica de juros, a Selic, está em 13,75% ao ano.

"Abrandar a meta pode ser percebido como um abrandamento desse esforço. É um assunto delicado, mas que precisa ser discutido", considerou. Ele acrescentou ainda que se não há controle dos gastos públicos, sobram apenas três saídas para o governo: aumentar a tributação, aumentar a dívida para financiar a elevação dos gastos ou deixar a inflação ser ampliada. "Os três são inaceitáveis, e vão limitar o crescimento da economia brasileira no futuro."

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