Economia

Dilma diz a Renzi que emergentes dos Brics terão crescimento menor

Outro tema que mobilizou o diálogo entre Dilma e Renzi foi o Plano de Infraestrutura Logística do governo brasileiro

Agência Estado
postado em 10/07/2015 17:35
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (10/7) que com o fim do ciclo de alto preço das commodities os grandes países emergentes "passarão a ter uma taxa de crescimento mais modesta". A declaração foi relatada ao jornal "O Estado de S. Paulo" por um ministro brasileiro que acompanhou o encontro entre a presidente e o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi realizado em Roma hoje, um dia depois do fim da 7; cúpula dos Brics de Ufá, na Rússia.

Dilma chegou a Milão hoje, onde visita neste sábado a ExpoMilão, a exposição universal que neste ano é realizada pelo governo italiano. A presidente chegou ao hotel Hyatt Park acompanhada do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, do de Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo, e do assessor especial para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, e encontrou-se na chegada com a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, que já a esperava em Milão.

Questionada sobre o encontro que teve com Renzi, Dilma afirmou que a cúpula dos Brics havia sido um dos temas de maior interesse de Renzi durante a conversa. "Eles estavam muito interessados em saber sobre o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e sobre o Acordo Contingente de Reservas (CRA) dos Brics", relatou, referindo-se às duas instituições financeiras criadas por Brasil, Rússia, Índia,China e África do Sul.

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Depois da entrevista da presidente, um ministro brasileiro que pediu para falar sem ser identificado descreveu ao jornal a reunião com Renzi. "Ele estava interessado em quais haviam sido os desdobramentos da reunião dos Brics e qual a análise dos Brics da conjuntura econômica do mundo, considerando a Grécia e China, e as decisões adotadas", contou.

"Ela disse que tinha sido consolidada a criação do NBD e do Fundo Contingente de Reservas, que os chineses tinham dito que estavam controlando a situação das bolsas de Xangai e Shenzen e que, com o fim do ;superciclo das commodities;, todos passariam a ter taxas de crescimento mais modestas."

A admissão de que a tendência é de que os emergentes passem a ter um crescimento mais baixo foi feita no momento em que o Brasil atravessa uma recessão - a previsão atualizada do Fundo Monetário Internacional (FMI) indica decrescimento de 1,5% em 2015 - e em que a China vê sua taxa de expansão se reduzir de dois para um dígito. Apesar da nova conjuntura de desaceleração, contou o ministro, Dilma afirmou a Renzi que "os Brics apostavam em ter um papel mais importante a partir da criação do banco e do fundo".

Na quinta-feira, além dos encontros multilaterais com chefes de Estado e de governo de Rússia, Índia, China e África do Sul, Dilma teve uma reunião bilateral com o presidente chinês, Xi Jinping. Renzi também demonstrou interesse em saber mais detalhes sobre a avaliação que os Brics faziam da conjuntura econômica mundial.

Mas, segundo o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, a conversa a respeito não teve tom de preocupação com a situação das bolsas de Xangai e Shenzen, que desde junho registraram perdas avaliadas em US$ 3,5 trilhões em ativos de companhias privadas e chegaram a fechar com perdas da ordem de 6% na quinta-feira. "Não houve um clima de preocupação, inclusive porque as bolsas voltaram a subir, responderam bem aos estímulos e às medidas do governo", afirmou o chanceler.

Marco Aurélio Garcia confirmou que Dilma deu a Renzi um panorama de como havia sido o encontro com chinês e que a conversa sobre os Brics "engatou". "Ela contou a conversa que tinha tido com o presidente Xi Jinping. Contou que (o momento de instabilidade nas bolsas) foi conjurado, pelo menos como fenômeno conjuntural. O governo fez uma intervenção massiva e forte, tanto que as bolsas subiram", disse o assessor especial.

Outro tema que mobilizou o diálogo entre Dilma e Renzi foi o Plano de Infraestrutura Logística do governo brasileiro. Cerca de 1,2 mil empresas italianas operam no Brasil e o comércio com a Itália - de ; 10 bilhões, segundo Mauro Vieira - é o segundo maior dentro os países-membros da União Europeia.

Dilma contou que o italiano se interessou em obter informações sobre o plano, e a brasileira aproveitou para convidar empresas italianas a investirem no Brasil. "Eles estão extremamente interessados na participação de empresas italianas na disputa de concessões de ferrovias, rodovias, portos, aeroportos", disse Dilma ao jornal.

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